segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

A Defesa Social e sua comunicação (2)

Sempre insisti que no Instituto de Criminalística precisava se comunicar mais.

Não havia endereço eletrônico institucional, não havia página eletrônica, não havia, como ainda não há, reuniões periódicas para avaliação, reavaliação e troca de experiências entre os peritos criminais. Ainda hoje cada um faz seu trabalho sem saber se o colega enfrenta algo igual.

É verdade que há sim uma página eletrônica do IC/AL. Tem até da associação dos peritos criminais de Alagoas. Digamos que elas constam para a população. Cada perito também tem seu endereço eletrônico particular. É hotmail, yahoo, ig, gmail, o escambau! Mas hoje, para minha surpresa, recebi convite da direção para abrir meu EMAIL INSTITUCIONAL!

Tela de login.

Olhem a interface do "bicho":

"Expresso Mail" o email institucional da Secretaria de Defesa Social de Alagoas.

Em tudo é semelhante com o que temos de melhor no "mercado"!

Catálogo de endereços! E já vem todos os demais órgãos do governo.
A ferramenta é completa. Tem uma agenda de eventos.
Agora temos uma identidade eletrônica no âmbito da Segurança Pública de Alagoas. Cada funcionário possui seu email, de perito a motorista.

Ninguém tem desculpa para deixar de enviar e receber emails, participar de fóruns, cursos e treinamentos da Senasp, receber os boletins e até fazer a sua agenda de trabalho! Não é interessante?

Não sei por que o Instituto de Criminalística, tão próximo da ciência e da tecnologia, não pensou nisso antes...




domingo, 26 de fevereiro de 2012

Levantamento papiloscópico "fotográfico"

No plantão de hoje já fui para Coruripe. Um homicídio que ocorreu à 1h40, mas, curiosamente, só foi informado à polícia local por volta das 6h. A equipe pericial só foi solicitada às 8h30. Coisas de plantão...

Na volta para Maceió fui atender a um chamado de arrombamento e furto em imóvel comercial.

O desafio foi "levantar" as impressões papiloscópicas encontradas!

Porta principal arrombada (foto dos danos na fechadura).
A primeira experiência foi uma impressão no lado interno da porta de vidro (este excelente suporte para impressões digitais!).

Neste caso utilizei a luz rasante - em fundo escuro - para criar o contraste. Câmera com flash desligado e sensibilidade ISO alta. Fotos abaixo.

Primeiro espécime a ser "levantado" com fotografia - luz rasante.

Trecho da impressão papiloscópica acima e sua qualidade final (dá para perceber os poros).

A segunda experiência foi uma impressão papiloscópia no lado externo da porta de vidro. Neste caso não utilizei a fonte de luz no mesmo lado da porta, mas no lado oposto! Sim, a luz foi posta quase na frente da câmera. Com isso obtive o máximo de contraste!

A câmera continua com o flash desligado e a sensibilidade ISO alta. Veja os resultados abaixo.

Impressão contrastada com luz oposta à câmera - superfície de vidro.

Trecho ampliado da impressão digital acima - resultado obtido.

Mesmo trecho acima, mas com tratamento de imagem (preto e branco e inversão de cor).
Conclusão: nos dois casos obtive até a localização dos poros e, para minha surpresa, são digitais praticamente de superfícies inteiras das polpas!

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Duas frases para motociclistas.

Li uma revista especializada e tirei duas frases interessantes:
Eu e minha magrela em Recife.

"Quatro rodas transportam o corpo, duas movem a alma".

Vê-se logo a paixão pelo motociclismo! Eu também sou motociclista. Não digo que sou fanático porque não sou, mas gosto de fazer uma pequena viagem com as bikes (tenho duas!).

E a segunda frase, ou frases, extraí de um Guia de Pilotagem Segura, encartado na mesma revista. Eram 10 dicas de frenagem e a de número 7, sobre "previsão", dizia o seguinte:

"Uma das desculpas mais esfarrapadas que os motociclistas adoram usar é a famosa 'não vi'. Não pode, motociclista tem de ver tudo e perceber tudo à sua volta. A capacidade de prever situações de risco faz a diferença entre frear ou passar reto."

Eu sublinhei uma das frases. Parece autoritarismo do autor, mas para quem pretende minimizar certos riscos do motociclismo, torna-se realmente uma regra imperiosa.

Percebe-se por que os mais jovens (eventualmente inexperientes) e os mais afoitos (sujeitos a imprevistos) são mais suscetíveis a acidentes.

Também digo que se você não enxerga (=não entende, não prevê) também não deve acelerar!


domingo, 19 de fevereiro de 2012

Plantão de 9 de janeiro - o foco automático

Às 14 horas do dia 9 de janeiro atendi chamada numa favela na parte alta da cidade. Homicídio por meio de disparo de arma de fogo. Avítima encontrava-se deitada numa cama sob uma janela voltada para o logradouro. O agressor introduziu o braço, com a arma em punho, e efetuou disparos contra a cabeça da vítima.

O levantamento fotográfico obviamente inicia-se desde o logradouro. Fachada do imóvel, tomadas do início e fim da rua, ênfase na janela, outras etapas necessárias e finalmente proximidade com os ferimentos.

Ferimento produzido por passagem de projétil de arma de fogo.
Os iniciados em câmeras digitais e seus sistemas de focos automáticos devem perceber que a câmera não escolhe necessariamente o que você deseja fotografar. É preciso direcionar os pontos de medição.

Numa foto a meia distância quase tudo estará focado, mas à medida que se proxima a objetiva de diversos objetos os sistemas da câmera podem se confundir.

Abaixo um exemplo disso:

Foco nos cabelos que estão no nível da escala (ferimento desfocado).

Foco no nível da pele e portanto do ferimento (cabelos e escala desfocados).
O cabelo crespo impediu que a escala ficasse no mesmo nível da pele e, portanto, do ferimento. Daí a necessidade de se desfocar necessariamente a escala e buscar o foco no nível do ferimento.

Outra solução seria a remoção dos cabelos com lâmina adequada e apoiar a escala no nível do ferimento. No entanto é preciso lembrar que esta operação poderia alterar as características externas do ferimento.

Quem já fotografa ou lê literatura especializada neste tema deve ter visto os exemplos do que ilustrei acima no caso de fotografia de animais engaiolados. As barras das gaiolas costumam confundir o sistema de foco automático.

E para os mais informais, basta lembrar daquela fotografia através do vidro molhado da janela do carro. A câmera não sabe se foca no vidro (gotas d'água) ou no assunto propriamente dito!


Foco no vidro
Foco na paisagem


sábado, 18 de fevereiro de 2012

A Defesa Social e sua comunicação...

Informalmente sempre reclamei das comunicações fixadas no quadro de avisos do Instituto de Criminalística de Alagoas.

São impressas, em papel timbrado e com identificação da autoridade, mas faltava assinatura e a data do documento. Aparentemente qualquer um poderia imprimir qualquer coisa, nomear alguém e deixar sem datação que "valeria".

Ultimamente já ocorrem assinaturas! Mas as datas nem sempre são frequentes.

Mesmo assim sou otimista. Algum dia teremos um PADRÃO no quadro de avisos do Instituto de Criminalística.

Seria prolixidade falar em requisitos administrativos que não podem ser afastados da gestão pública. Qualquer documentação idônea exige autenticação para responsabilização e datação para cumprimento de metas.

Infelizmente, ainda acontecem situações constrangedoras.

No último dia 16, no IML do município de Arapiraca, interior de Alagoas, os jornalistas se depararam com o "aviso" abaixo:

Aviso no IML do município de Arapiraca.
A imagem foi extraída do site: http://www.alagoas24horas.com.br/conteudo/?vCod=119898

Chega a ser cômica as observações dos leitores do site. Aparentemente o "aviso" foi manuscrito no verso de uma folha de rascunho, sem timbre e assinado por um auxiliar de necropsia! O jornalista da reportagem não deixou passar o erro de português ("estar").

É bom nos esforçarmos em ver o lado bom das coisas. Veja a boa vontade do funcionário mais simples do órgão em alertar os profissionais da imprensa. Só falta saber onde está a autoridade deste órgão da Secretaria de Defesa Social.

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Plantão do dia 14 de fevereiro - danos em veículos

No último dia 14 de fevereiro, fui para o entroncamento das rodovias AL-130 e AL-220. Trevo onde fica um posto da Polícia Militar Rodoviária. Lá se encontravam dois veículos que se envolveram em um sinistro há 10 dias.

O tempo estava firme e o sol muito forte. Duas consequências: perito suado e fotos com sombras duras.

Itinerário produzido pela equipe ao deslocar-se para o local.

Dispensei mais uma vez o fotógrafo. E como a viagem abrangeria a maior parte em período diurno eu não conduzi a viatura de volta. Deixei toda a tarefa para o motorista.

A problemática se deu apenas com a insolação e alguma dificuldade com as fotografias sob sol forte (sombras duras).

Foto sem uso do flash. (Setas indicam refletivos do veículo).

Foto com uso do flash para preenchimento das sombras (refletivos brilham!)

Condição INdesejável para fotografia - sol forte: sombras "duras".

Condição desejável para fotografia - sol encoberto: sombras suaves.

Comparativo das fotos acima: sob sol forte e sol encoberto. É possível captar mais nuances dos objetos. As setas pretas ilustram as sombras "duras", ou seja, bem definidas pelo sol intenso.
 Não foi solicitado no ofício requerendo a perícia que o local do sinistro fosse periciado. Mas curiosamente obtive uma imagem da internet da cobertura jornalística do caso. E foi possível verificar um ramo da (única) árvore mais próxima do local! Veja foto abaixo.

Seta assinala uma árvore no local do sinistro (foto jornalística colhida na internet).

Vista obtida pela equipe pericial quando transitava pelo local original do sinistro.
(As setas assinalam a única árvore mais próxima - à direita - e os danos na proteção de pista - à esquerda).
No local do sinistro foram constatadas restos de peças automotivas compatíveis com os veículos sinistrados.

 Nunca é demais reforçar que lanternas devem sempre estar à mão do perito criminal. Mesmo uma perícia realizada sob sol forte pode exigir o uso de lanternas. No caso, o número do chassi de um dos veículos localiza-se dentro da caixa de roda dianteira e o contraste para fotografia fica facilitado se usada uma luz rasante (foto abaixo).

Uso de luz rasante para aumentar o contraste do número do chassi.

Como a distância era grande até o local dos exames, no retorno, por volta das 19 horas, foi possível tirar estas fotos dos dois transatlânticos atracados em Maceió (distância do objeto fotografado: 3 km, objetiva de 55 mm).

Plantão do dia 02 de fevereiro - PAF em Mata Grande

No ínicio deste mês, no dia 2, fui solicitado a efetuar perícia em um caso de morte violenta, PAF (projétil de arma de fogo), em uma localidade a 299 km de Maceió, zona rural.

O diferencial é que a chamada foi às 17h40, portanto, o exame se daria necessariamente à noite. E assim o foi às 23h41.

Dispensei o fotógrafo. O motorista conduziu a viatura e na volta tomei o lugar dele.

Itinerário produzido pela ida da equipe até o local.

Viatura do IML aguardando o IC defronte à delegacia de Santana do Ipanema.

IML e IC defronte à delegacia de Mata Grande.

Chegada da equipe no local dos exames (seta branca aponta o cadáver no local).

Conclusão dos procedimentos de uso da pulseira de identificação do cadáver (PIC).
 A chegada à Mata Grande já se deu à noite, conforme fotos acima. E o curioso é que a distância de Inhapi a Mata Grande é de cerca de 14 km, no entanto a elevação no terreno chega a somar mais 300 metros. Conclusão, Mata Grande é fria! O vento da madrugada esfriou bastante. Já em Inhapi, a temperatura esquenta repentinamente.

Abaixo uma imagem colhida da internet para mostrar a pequena Mata Grande.

Esta imagem eu obtive da internet. É uma foto da cidadezinha de Mata Grande.

Moldagem de pegadas com gesso

No último dia 09 de fevereiro o colega Nicholas Soares Passos coordenou uma oficina para os peritos do Instituto de Criminalística de Alagoas. Foram conhecidas e praticadas técnicas de moldagem de pegadas com gesso.

Antes mesmo dos trabalhos, no dia 02, fizemos uma "prévia" do que seria manejado na oficina:

Modelo usado para produzir a "pegada" (Contribuição do perito Paulo Rogério!)

Local previamente preparado e "pegada" devidamente assentada no local.

Aplicação do gesso.

Gesso aplicado (a consistência ficou firme).

Levantamento do molde.

Vista do verso do molde levantado.

Limpeza do molde com pincel macio.

Resultado final.