quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

Segundo plantão do ano - amanhecendo no interior

Foram dois levantamentos. Um pela manhã com uma perícia "de ofício": levantamento de danos em propriedade rural, incêndio, em Jequiá da Praia. E o outro um acidente de trânsito no município de Cajueiro.

O primeiro local era em Jequiá da Praia, litoral Sul, 56 km de Maceió.

Incêndio em propriedade rural, com danos em lavoura e sistema de irrigação.

Destruição de lavoura e sistema de irrigação.

Pelas características da vegetação local, colecionei uma boa quantidade de carrapichos nas bordas da calça. Neste dia estava usando calça social, embora tenha adquirido recentemente uma calça operacional, mais resistente, inclusive a espinhos!


Percorremos boa parte da propriedade com a própria viatura. Apenas um trecho à pé. Com isso visualizamos boa parte dos danos e pudemos fazer algumas medidas com o GPS.


Iniciamos esses trabalhos às 10h48, com a saída do IC e retornamos às 16h23.

Na madrugada do dia seguinte, às 3h34, desloquei-me 76,4 km até Cajueiro para acompanhar o resgate dos cadáveres de um caminhão que caiu de uma ponte. Depois de colidir com um poste às margens da rodovia AL-210.

Clique nas imagens abaixo para ampliar.


Foram fotografias noturnas em que tive tempo para testar configurações da câmera fotográfica. Tive de aguardar o trabalho dos bombeiros militares.

Vejam abaixo uma ampliação da segunda imagem. Os detalhes foram garantidos pelo uso de baixo ISO e longa exposição. Aproveitando o momento certo em que há pouco movimento na cena, a captura fica excelente, mesmo há mais de 10 metros de distância do assunto fotografado.

Detalhe da última fotografia acima. Nível de detalhes garantido pela configuração da câmera.

Usei ISO 800, com 5 segundos de exposição e nenhuma compensação. O "tripé" foi o corrimão da ponte. Apoiei a câmera sobre a mão e esta sobre a estrutura de concreto.

Com a demora dos trabalhos de resgate não tivemos como não aguardar o amanhecer.

Vendo o dia nascer sobre a ponte do Rio Paraíba (rodovia AL-210).

Sob a observação de curiosos e passantes a equipe do Corpo de Bombeiros Militar fez seu trabalho sem demonstrar nenhum sinal de indisposição.

População atenta a todos os passos dos trabalhos de resgate.

Por isso consigno com a maior satisfação, em foto ampliada, o valoroso trabalho destes profissionais que tentam ultrapassar todas as dificuldades no local. Pude observar desde a escuridão da madrugada até o sol escaldante do início da manhã.

Trabalho em equipe do Corpo de Bombeiros Militar.

Fica meu elogio ao tenente Gênesis e à sua equipe: Cícero Daniel, Normã, Ubirajara e Rijjo.

A partir do resgate e com trabalho minucioso do policial civil Osman Teixeira, pudemos identificar as vítimas e registrar os vestígios relevantes que definiam o evento examinado.



Às 07h40 estávamos saindo do local e 10 minutos depois na estrada de volta ao Instituto de Criminalística.

Seguindo a viatura dos Bombeiros de volta à Maceió.

Chegamos no IC exatamente uma hora depois de finalizado o plantão. Ainda faltava baixar os dados da câmera, GPS e fazer o relatório do plantão.

quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

Plantão do dia 18 de janeiro

Passei a manhã e a tarde envolvido com a reorganização da sala da equipe. Meu colega de sala, Charles Mariano, se empolgou em arrumar as coisas. Em breve publico as melhorias (organização sempre é bom!).

Esta "folga" no período diurno eu tive por estar mais avançado no rodízio. Aparentava ser um plantão calmo para um domingo. Mas o período noturno...

Às 18h30 recebo minha primeira chamada para Marechal Deodoro. Homicídio duplo.

Passamos na delegacia, mas com apenas um agente e três presos, deixamos a companhia da polícia civil de lado e fomos nos encontrar com a polícia militar no local do crime.

Seguindo para o local na zona rural de Marechal Deodoro.

Os cadáveres estavam distanciados em 226 metros. Ambos estavam numa estrada de barro, por entre propriedades rurais.


Para minha surpresa, em local tão ermo - estavam presentes apenas os policiais militares, os auxiliares do IML, eu e o motorista do IC - chegou para acompanhar os trabalhos o Secretário de Segurança do Estado de Alagoas.

Passamos algumas informações e seguimos o trabalho.

Dois pontos de curiosidade. Em um dos cadáveres havia início de postura de ovos de moscas. Essa atividade é rápida! Mesmo com cerca de quatro horas isso já havia começado em um deles.


A outra curiosidade foi a inventividade do nosso colega do IML, Carlos, que fixou uma lanterna de mão em seu boné! Luminosidade maior que o comum para este tipo de lanterna e mecanismo simples de fácil reprodução. Vou experimentar!

No mesmo local recebemos informação de uma segunda ocorrência: acidente de trânsito em Craíbas.

Chegando no segundo local da noite. Colisão de veículos em rodovia estadual.

Cumpre dizer que não havíamos jantado quando formos para Marechal Deodoro, por isso decidi pararmos em São Miguel dos Campos e comer um sanduíche. Saímos logo para Craíbas.

Outros dois pontos de curiosidade. A primeira nem é tão estranha assim. Em colisões intensas o derramamento de óleo sobre a pista é comum e marca bem distintamente o sítio de colisão. Foi o nosso caso. Imagem abaixo.

Mancha de óleo que define o sítio de colisão.

Quando não é o óleo, é a escarificação sobre o pavimento provocada por alguma parte metálica dos veículos. Isso marca bem a dinâmica do evento.

A outra curiosidade, também não incomum, foi a transferência de tintas. Neste caso não apenas a cor da carroceria da motocicleta passou para a lataria do veículo, como também a cor das vestes da vítima.



O forte impacto de uma colisão produz sinais interessantes que denunciam facilmente muitas etapas do evento. Também neste local recebemos notícia de que havia uma morte suspeita para ser investigada no município de Traipu, às margens do Rio São Francisco. Partimos para lá.

Passando pelo portal do município de Traipu.

Foi o local com mais demora para encontrar. Tratava-se de um imóvel dentro de um assentamento fora da cidade. Pela madrugada poucas pessoas são encontradas na rua para passar informação. Nem é preciso dizer que não tivemos apoio da polícia civil. Mas encontramos a polícia militar no local. Encontramos o local pela luz do rotativo da viatura deles!

Chegando no terceiro local do período noturno.

Os casos de morte suspeita dentro de residências geralmente envolvem pessoas solitárias, em condições precárias e com hábitos desaconselháveis (bebida e ou fumo). Neste caso ainda havia sinais suspeitos de precipitação da própria altura.


Outros elementos terão de ser reunidos com o exame cadavérico. Talvez a intensidade dos ferimentos venham a sugerir alguma violência física. Relatos informam que houve uma visita antes da constatação do óbito.

A partir daí não fomos mais informados de outras ocorrências. O que não quer dizer que a 185 km de distância de Maceió algo mais não pudesse ocorrer!

Trajetos efetuados e cidades visitadas de madrugada.

Foram 441 km no total. Meu colega motorista não aguentou tudo. Parte do trajeto, cerca de 125 km eu conduzi no retorno para o IC.

Apreciamos e registrei o alvorecer perto de Arapiraca:

Alvorecer em Arapiraca.

Quando chegamos em Maceió o sol já estava forte.


Ainda consegui baixar todos os dados dos levantamentos e inseri os relatórios no Sisgou. Cheguei em casa depois das 10h30 da manhã e não fiz mais nada até o dia seguinte.

Coisas do plantão.

Abaixo uma distribuição do tempo dispendido para cada etapa dos trabalhos noturnos. Em vermelho o tempo destinado aos levantamentos periciais e em azul o tempo usado para efetuar o deslocamento. Sabendo que vinte e dois minutos foram usados para lanchar/jantar em São Miguel dos Campos durante o segundo deslocamento do gráfico.


O trabalho começou às 18h30 com a chamada para o primeiro local e terminou às 06h40 quando a equipe chegou de volta no Instituto de Criminalística. Por isso o gráfico tenta acompanhar o desenho de um relógio para melhor percepção da distribuição do tempo.

sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

Primeiro encontro para estudos de casos


Com a chegada dos novos colegas peritos criminais, imaginamos que encontros para apresentação e discussão de casos seriam uma ótima oportunidade para trocar experiências e aprender mais sobre perícias em locais de crime.

Marcamos o primeiro encontro para hoje, dia 16 de janeiro.


Em um primeiro momento apresentei minhas estatísticas pessoais de 2014 e fazendo alguma comparação com o ano de 2013.

Distribuição de casos ao longo dos meses.

Na distribuição de casos ao longo dos meses de 2013 e 2014 os meses sem levantamentos são as minhas férias e um mês (outubro/13) de licença por motivo de saúde.

Esse "vazios" se refletem na "produção" dos dados eletrônicos, ilustrados nos gráficos abaixo:

Produção de dados eletrônicos dos levantamentos ao longo dos meses.

Abaixo os números totais de 2014. Só foram apresentados os números. As interpretações foram feitas na hora e sugestões também.

Números finais da primeira apresentação.

No segundo momento do encontro o nosso colega Charles apresentou um caso de morte suspeita em centro de custódia.


Naturalmente este tipo de caso contém uma riqueza singular de elementos materiais e circunstâncias relevantes. Por isso a obrigatoriedade legal de irem dois peritos para este tipo de levantamento.

O caso também foi muito bem apresentado pelo colega que ilustrou os principais itens levantados e mostrou parte do texto final do laudo.


Vários debates desenvolveram-se na segunda apresentação.

Diante de tantos debates, verificamos a importância destes encontros e nos estimulamos a repetir outro no final do próximo mês.

Primeiro plantão de 2015

Para fazer o primeiro plantão do ano não é preciso começar no dia 01, mas finalizar o dia 31! E foi o que aconteceu, fiquei de plantão do dia 31 para o dia primeiro de 2015.

Às 11h20 fui acionado para atender local de corpo encontrado no município de Rio Largo.

Cadáver encontrado dentro de canavial (seta localiza na imagem).

Lembro que locais assim, dentro de canavial já alto, são quentes! O sol é forte e não há vento que refresque. No acesso foram constatadas várias manchas de sangue na vegetação.


Demoramos uma hora e 28 minutos no levantamento, menos sobre o cadáver que na trilha de sangue que foi detectada até um casebre próximo no lote vizinho à lavoura de cana-de-açúcar. Feitas as pesquisas, descobriu-se que a vítima foi morta próximo ao casebre e levada até o meio do canavial.

Passada a meia-noite, e portanto já no ano novo, minha segunda chamada foi às 2h30, no município de Pilar. Homicídio por arma branca.

Atendimento no começo da madrugada do primeiro dia do ano de 2015.

Chegamos mais rápido que a equipe da Polícia Civil, mas apenas porque esta já estava em atendimento em Maceió. Aguardamos sua chegada e para sinalizar o acesso fomos para as margens da BR-316, de onde vimos o dia amanhecer.

Bem vindo 2015!

Como na maioria dos crimes cometidos com arma branca, a quantidade de manchas de sangue sempre é abundante, ou pelo menos bem característica. Havia várias manchas defronte a um dos imóveis do logradouro e, segundo relatos, onde se iniciou a desavença entre os desafetos.

Manchas de sangue sobre o pavimento do logradouro.

Falhei quando fiz a fotografia sem escala. No caso deveria usar a de 25 cm para melhor visualização e percepção das manchas. No caso acima, fica apenas a ilustração e disposição delas.

Por causa da espera da equipe policial, finalizamos os trabalhos com o dia já claro e o retorno para Maceió se fez com o sol alto. Interessante para capturar o sol do novo ano!


A primeira imagem acima é sobre o viaduto após a ponte Divaldo Suruagy e a segunda já na praia do Pontal da Barra, em Maceió.

Também me flagrei no espelho retrovisor da viatura e registrei a lateral da torre da Catedral de Maceió.


E que se inicie a temporada de trabalho de 2015.