sábado, 29 de abril de 2017

Tipos de perito (humor real!)

Existem peritos sofisticados. Outros nem tanto!

(Clique na imagem para ampliar)

Vamos dizer que tento ficar no meio-termo.

quinta-feira, 27 de abril de 2017

Plantão do dia 25... estendido.

Temos um rodízio entre os colegas da equipe para atender os chamados. Neste plantão fiquei na vez às 17 horas. Imediatamente adiantei meu jantar prevenindo eventual solicitação no início da noite. Mas foi no final do jantar mesmo!

Tinha de prosseguir para o município de Minador do Negrão (164 km de Maceió).


Em seguida, apareceu outra chamada para o município de Arapiraca, então resolvemos levar um segundo colega perito para fazer os dois levantamentos e otimizar o uso da viatura.

Algumas vezes, durante a viagem, já começo a ajustar a câmera:


Passando pelo município de Maribondo.

A vítima foi alvejada por disparos de arma de fogo quando ainda conduzia uma motocicleta. O local era na margem de uma rodovia, sem qualquer iluminação extra.

Vista geral do local onde uma motocicleta saiu da pista e o condutor foi alvejado por arma de fogo.

Foram vários disparos, um atingiu a vítima tangencialmente. O famoso "tiro de raspão":


Finalizado o levantamento, nos dirigimos para o segundo local, em Arapiraca.


Percorremos mais 90,9 km até um local de encontro de cadáver. Estado avançado de putrefação. Zona rural, igualmente sem qualquer iluminação extra. Vegetação esparsa.

Iluminação promovida pelo flash embutido e braço erguido com a câmera.

Constatamos nas vestes alguns orifícios suspeitos de terem sido produzidos por transfixação de projéteis de arma de fogo. Mas certamente o exame necroscópico do IML deve se aprofundar neste exame.


Finalizados os exames do segundo local, retornamos para Maceió. Já era meia-noite e meia.

Retorno para Maceió.

Cheguei na base na condição de ser o primeiro no rodízio para sair novamente... Depois de cerca de 390 km, à noite, vigiando o motorista!

Aguardei amanhecer. Não dava para dormir e ser acordado. Então, 20 minutos antes de terminar o plantão... pá, outra ocorrência. Falece um indivíduo dentro do sistema prisional.

Núcleo Ressocializador da Capital em Maceió/AL.

Finalizados os levantamentos, retornei ao Instituto de Criminalística e só deixei o plantão às 11 horas da manhã.

domingo, 23 de abril de 2017

Acompanhando levantamento - 23 de abril

Sem a obrigatoriedade de dois peritos em local de crime, dificilmente acompanhamos o trabalho dos colegas. Mas resolvi acompanhar o colega Charles Mariano.

Então segue nossa rotina aproximada para um caso de homicídio em logradouro público.

Hora do chamado: 14:20 h.

O colega, de prontidão no Instituto de Criminalística, é chamado até nossa Central de Equipamentos onde recebe as primeiras informações e a partir daí solicita os equipamentos necessários para o atendimento.


Neste caso a equipe foi composta pelo motorista, o perito e eu como fotógrafo.

Percurso de 17,7 km até o bairro da parte alta da cidade. Local aberto - logradouro público. Vítima alvejada por arma de fogo, à pé na calçada.


O local já estava isolado por fita zebrada. Charles começa o levantamento tomando mais informações junto à guarnição da Polícia Militar e eu inicio as fotografias panorâmicas da cena.


Artefatos balísticos foram constatados na área. Então é feita a numeração e coleta deles. Partindo dos pontos mais distantes vamos nos aproximando da vítima para examiná-la.


Esta vítima foi alvejada em regiões do corpo que estavam vestidas, então, em temos de impacto de projéteis, temos "camadas" para serem examinadas.

Um dos disparos transfixou a bermuda, a cueca e finalmente atingiu a pele, alojando-se na vítima. Vejam abaixo esta sequência de "camadas" registradas:

Transfixação de tecidos pelo projétil até atingir a pele e se alojar na vítima.

Outro disparo produziu interessante dinâmica que ficou bem caracterizada na roupa e superfície da pele:

Dinâmica diferenciada de projétil. Não rompeu a pele por esta
estar encostada no pavimento

A vítima suportou pelo menos um disparo de arma de fogo quando estava deitada sobre o pavimento da calçada. O projétil que penetrou nas costas (vítima em posição de decúbito ventral), percorreu todo o torso e na hora de romper a pele, foi amparado pelo pavimento encostado na pele do abdômen. A energia do projétil lesionou a pele e ainda imprimiu a camisa contra o pavimento. O esgarçamento tinha sujidades do pavimento aderido nele. Vide imagem abaixo.

Esgarçamento sujo de pó da calçada.

Ao final dos trabalho, o cadáver recebe uma pulseira de identificação e é recolhido pela equipe do Instituto Médico Legal.

Todos os trabalhos - Polícia Militar, Instituto de Criminalística, Instituto Médico Legal e Polícia Civil, foram também registrados pela imprensa presente no local, prudentemente posicionada atrás do isolamento.


Agradecemos a colaboração de todos os envolvidos no levantamento e voltamos para a base.


Inicia-se a segunda etapa dos trabalhos: encaminhamento do material coletado para exames complementares e elaboração do laudo pericial que seguirá para a Delegacia de Homicídios de Maceió.

Começando o plantão...

A vantagem do sistema de plantão é a seguinte: todo dia pode ser dia de trabalho. Seja dia útil, feriado ou... domingo!

Então vamos lá. Começando o plantão neste domingo.

Pátio de estacionamento do Instituto de Criminalística. As viaturas novas ao fundo.

Até o momento sem ocorrências.

Registrei as novas viaturas já caracterizadas (adesivos).

Marca Citroen, modelo Aircross.

Aos poucos elas vão se incorporando ao cotidiano do instituto. Há rodízio e preparativos para começarem a sair para locais de crime.

Fotografias feitas com celular, sob céu nublado.

As equipes em um local de crime

Investigar uma conduta delituosa envolve algumas rotinas pré-concebidas, sejam doutrinárias - via literatura específica, sejam normatizadas - via legislação específica. Dentro destas orientações, há uma composição dos agentes de campo: PM, PC, IC e IML (vide denominações abaixo).

Infelizmente a exiguidade de recursos, relativamente comum nas organizações públicas, dificulta o atendimento contínuo das exigências previstas. No entanto, no último plantão do dia 18, pude trabalhar com o mínimo necessário!

IML, Polícia Militar, IC e Polícia Civil, em ordem de afastamento na imagem.

Ás vezes nos enclausuramos em nossa redoma de atividades e imaginamos o mundo composto apenas pelo que somos ou fazemos. Local de crime é - também - manutenção da ordem (Polícia Militar), investigação subjetiva - de pessoas - (Polícia Civil) e investigação material (Perícia Oficial - Instituto de Criminalística e Médico Legal). É um trabalho de equipe!

Obviamente pode haver outras contribuições. Imaginem o caso de socorro médico, resgate em locais de difícil acesso ou envolvendo produtos perigosos, por exemplo.

quarta-feira, 19 de abril de 2017

De volta aos plantões - dia 18 de abril.

Vou começar dizendo que o "retorno" não é aos plantões, porque não parei, mas tentarei atualizar as publicações voltadas a esse cotidiano. Desta vez um pouco mais impulsionado com dicas de fotografias de campo.

Sendo o primeiro do rodízio na equipe do dia (cinco peritos para todo o Estado), cheguei cedo e fiquei de prontidão editando laudos antigos na sala da equipe "F", onde estou lotado.

O computador é da sala/IC, a bagunça restante é minha, incluindo o capacete!

A primeira ocorrência foi informada às 8h. Indivíduo alvejado por arma de fogo na rua. Suposta reação à assalto. Imaginei logo um ou poucos disparos e manchas de sangue dispostas por uma grande área por causa da fuga ou socorro da vítima.

Vista geral do primeiro levantamento do dia.

Para minha surpresa, não havia muitas manchas. Apenas empoçamento e escorrimento no ponto onde estava o cadáver. Ou seja, concentração da ação violenta no ponto onde foi encontrado o corpo.

Observem acima que as sombras sobre os veículos estão difusas. O tempo estava nublado quando chegamos. Depois o céu ficou claro e o sol muito forte. Vejam abaixo os efeitos.


Abaixo a "dica" de como amenizar ou mesmo corrigir o efeito da sombra "dura" e seu alto contraste: peça ao colega que faça sombra sobre o assunto a ser fotografado. Se não tiver equipamento específico, basta posicionar seu próprio corpo.


Eliminando as linhas da sombra dura, facilita-se a visualização do conjunto original. Haverá menos elementos para se visualizar, dirigindo o olhar para o que é relevante. A menor intensidade luminosa diminui a saturação de cores, o que também facilita para a maioria das situações.

Abaixo uma vista detalhada de um dos ferimentos. Foto feita no local, também com o assunto "sombreado", mas com o flash embutido ligado (modo "Program") para iluminar a cavidade.

O ferimento foi limpo, sendo possível observar efeitos secundários (pontos sobre a pele).

Já a fotografia dos artefatos foi feita no Instituto. Desse modo controlei a iluminação difundindo a luz do flash embutido com uma folha de papel e rebatendo lateralmente com outras folhas ao redor dos estojos. Vejam abaixo:

Flash embutido difundido e rebatido ao redor dos estojos.

Assim que cheguei neste local, houve outra solicitação na região metropolitana. Terminei o levantamento e segui para o segundo local.

Desta vez tínhamos a chance de levar o cadáver para dentro da residência e assim trabalhar totalmente sobre a sombra.

Segundo levantamento. Cadáver sobre a soleira da porta.

Neste caso fiz duas fotos de dentro da residência para fora para mostrar o efeito do vão iluminado contra um cômodo escuro e como solucionar usando o flash "forçado" (modo "Program").


A câmera mede a luz no centro da imagem, e como o vão está iluminado, ela "mistura" a área escura com a clara e acredita que o cinza resultante está em toda a cena. Para fornecer a luz que falta, ligamos o flash.

Por isso que o modo "Auto" da câmera nesta hora não consegue fazer o registro visto na segunda imagem acima.

Trouxemos o corpo para dentro da residência e finalizamos os trabalhos sob a sombra.