No último dia 21, fomos acionados para periciar um local de encontro de cadáver.
Inicialmente temos de advertir que cadáveres que encalham às margens de corpos d'água, à princípio não configuram "local de crime". O crime pode ter sido praticado em outro local e o corpo simplesmente derivou até onde foi encontrado por motivo de marés e correntezas. Açudes e lagos já possuem outra característica. A depender do perímetro do lago e das circunstâncias no cadáver, o local do crime pode estar nas proximidades e deve ser investigado.
No presente caso, tínhamos suspeita de local diverso porque a casuística já nos apontava nesta direção.
Para cumprir a etapa de fixação do vestígio de homicídio (corpo da vítima) - art. 158-B, inciso III do CPP, o levantamento fotográfico exige uma foto panorâmica, onde o vestígio é contemplado dentro de uma situação topográfica, ou seja, uma foto do local onde o corpo estava.
O desafio foi o período noturno.
Para visualizar a disposição do fotógrafo e vestígio, indiquei numa imagem do Google Earth (abaixo):
Disposição dos elementos no local. |
Disposição dos elementos numa vista diurna (Street View, Google Earth). |
A imagem abaixo só recebeu uma seta branca para mostrar onde estava o cadáver, mas não possui edição, a não ser o redimensionamento (para fins de postagem).
Fotografia original do local de encontro de cadáver. |
Foi usado um segundo de exposição na sensibilidade ISO 3200. Diafragma 5.6. Com o modo Manual, também acionei o flash embutido.
Recorte da imagem original (sem edição de luz ou cor). |
Afastados estes questionamentos de interpretação, o fato é que isso foi possível porque a imagem foi capturada na resolução de 24 Mpixel. Isso permite que consigamos imagens "menores", mas com qualidade aceitável.
Novo recorte. Usando edição de luz e nitidez. |
Neste segundo recorte já é possível perceber o abuso da sensibilidade alta do sensor (degradação da imagem) e falta de nitidez em detalhes, mas, ainda assim, é possível obter informação útil.
Área do recorte anterior na imagem original. |
Mas um foto panorâmica se completa com a sua vista oposta, para que todo o local possa ser contemplado numa visão aproximada de 360 graus. Abaixo a vista oposta:
Vista oposta da primeira imagem. Sem recorte ou edição. |
Na vista oposta foram usados 1,6 segundo no ISO 800. Diafragma igual ao anterior: 5.6. Modo Manual.
Em ambos os casos a câmera foi apoiada na mureta de alvenaria, substituindo o tripé. O flash embutido foi acionado nas duas ocasiões, o que só resultou luminosidade no primeiro plano (funcionou como luz de preenchimento).