quinta-feira, 14 de junho de 2012

Esfumaçamento em disparo de arma de fogo

O perito criminal Alexandre Giovanelli, curioso com a discussão que se desenvolvia no grupo virtual de peritos criminais, executou um teste interessante. Ele simulou alguns ângulos e distâncias para verificar o comportamento da zona de esfumaçamento de um revólver 32.

Vejam abaixo as variações que ele produziu e os resultados:



1 - Tiro à distância (50 cm) e inclinado a 30º.



2 - Tiro à curta distância (5 a 10 cm) e inclinado entre 20º e 30º.



3 - Tiro encostado e inclinado em 30º.



4 - Tiro à curta distância  (5 a 10 cm) e inclinado entre 60º e 70º.

Nas palavras dele: "Fiquei surpreso com o fato de que variando-se os ângulos e distância do disparo, o padrão de esfumaçamento também varia bastante. O alvo foi um papelão. Por exemplo, com um tiro encostado produz-se uma projeção de "esfumaçamento" na direção do disparo. Já com um tiro a curta distância o padrão é inverso! ou seja, o esfumaçamento projeta-se para o lado contrário do disparo."

Apesar de ter sido um teste com uma única execução, é possível perceber variações significativas no comportamento do esfumaçamento. Em análises de disparo de arma de fogo à curta distância o perito criminal, sem dúvidas, não poderá desmerecer os sinais que o esfumaçamento deixa sobre o anteparo (corpo ou vestes).

quarta-feira, 13 de junho de 2012

Levantamento papiloscópico - pó branco e fosforescente

No último plantão do dia 08 de junho eu não precisei sair muito e por isso auxilei o colega Paulo Rogério em um levantamento de impressões papiloscópicas.

A situação era lataria escura de veículo. O pó recomendado era o branco. Consequentemente o suporte adequado para transportar a impressão seria com um fundo escuro para contrastar com o pó branco. De fato a maleta fornecida pela Senasp possui esses levantadores e nós os utilizamos.

Fizemos alguns testes com o pó fosforescente.

Foto sob luz natural.
Para iniciar os trabalhos fizemos um teste com os dois pós e registrei com algumas fotos. Na foto acima utilizei a luz natural para não influir no contraste oferecido pelos levantadores. À esquerda é o pó fosforescente verde em suporte branco e à direita é o pó branco em suporte escuro.

Abaixo utilizei o flash - que pode influir na percepção do pó branco sobre o suporte escuro. E na foto seguinte utilizei a luz forense com o filtro laranja.


Foto utilizando o flash e câmera sem filtro.

Foto sob luz forense e câmera com uso de filtro laranja.


Acima detalhe dos resultados obtidos. À direita pó fosforescente sobre suporte branco e sob luz forense com uso de filtro laranja e à esquerda pó branco sobre suporte escuro e sob luz branca sem uso de filtro.

Vale ressaltar que todas as fotos acima não receberam ajuste de cor ou luminosidade ou aplicação de qualquer filtro. As fotos abaixo podem ter recebido ajustes para melhor visualização.

O levantamento consistiu em aplicar o pó branco sobre a superfície da carroceria do veículo a ser pesquisado (foto 01 abaixo), localizar e enumerar a impressão mais significativa (foto 02), registrar fotograficamente seus detalhes (3) e efetuar seu levantamento por meio do levantador adequado (4).



Após eleger as impressões mais significativas para o caso, passamos a experimentar o pó fosforescente.

Pó fosforescente e pincel aplicador.
 As etapas foram semelhantes, mas a área foi menor, já que se tratava de uma experiência. Aplica-se o pó sobre a área desejada (1), vê-se que o pó adere às impressões digitais já reveladas pelo pó branco (2), aplica-se a luz forense (3) e faz-se o registro (4).


Usando a luz forense (foto sem uso do filtro laranja)
 Na foto acima utilizou-se o flash comum e por isso a cor verde, característica do pó fosforescente não é observada, mas uma vez com o filtro na câmera a visibilidade é patente! Fotos abaixo:


As setas vermelhas acima mostral a localização de impressões digitais sob o efeito da luz forense.

Resultado final com o uso da luz forense.
Percebe-se que realmente o suporte original da impressão digital desaparece. O pó brilha sob a luz forense e com a câmera armada com o filtro é possível registrar nitidamente a impressão digital.

Aplicando-se adequadamente filtros de um editor de imagem (Photoshop, neste caso) é possível obter uma imagem muito boa da impressão e assim facilitar o confronto papiloscópico posterior. Vejam abaixo:

Imagem com inversão de cores e um pouco de escurecimento.

Liderança responsável


"LIDERANÇA RESPONSÁVEL"

Lideres devem ter participação ativa na construção de um futuro melhor, mais digno, mais transparente e mais justo.

domingo, 3 de junho de 2012

Último plantão de maio - Lagoa da Canoa

Lagoa da Canoa é um município distante cerca de 13km do Centro de Arapiraca, maior cidade do interior de Alagoas.

A solicitação de exames periciais se deu às 2h da manhã. Com 145km até o local dos exames - uma estrada de barro em local ermo - sabíamos que não voltaríamos antes do amanhecer, ou melhor, veríamos o sol nascer durante os trabalhos periciais!

Percurso (em vermelho) da equipe pericial até Lagoa da Canoa.
Vale lembrar que os percursos da equipe pericial são traçados com o uso ininterrupto do GPS com a função "trilha" ligada. Desta forma monitoramos velocidade, tempo, percurso e eventualmente marcamos pontos importantes. É possível tabular todos os quilômetros percorridos neste ano por causa desta forma de trabalho.

Local do crime numa estrada próxima ao município de Lagoa da Canoa
Atendemos a chamada assim que nos chegou a comunicação. Para nossa surpresa os policiais militares estavam fazendo turnos no meio da estrada, à noite, aguardando a nossa chegada. Temos de elogiar a perseverança dos policiais militares no cumprimento de suas funções.

O isolamento mais parecia uma sinalização do local! O que não prejudicou em nada. Até porque numa estrada de barro, à noite, a sinalização foi bemvinda.

Marcas no solo próximo ao cadáver.
 Infelizmente, os mesmos soldados, já havia transitado bastante pelo local. Explicando-se pelo interesse deles na elucidação do caso.

Estojo deflagrado constatado no local.

Conforme eu havia comentado, o dia amanheceu durante os exames periciais (foto abaixo).

Alvorecer durante os trabalhos periciais (cinco horas da manhã!).
No retorno para a base, a neblina ainda era densa em alguns pontos da estrada. A viatura do IML ia na nossa frente e quase desapareceu no nevoeiro.


Na foto da esquerda a neblina ficou bem forte, já na foto da direita é possível enxergar a viatura do IML.

Saímos às 2h da manhã e só retornamos por volta das 7h da manhã. Ainda deu para tabular os dados e sair de 8h do plantão!