Apenas com poucos danos materiais, nossa mangueira caiu! Provavelmente por causa de infiltração de água devido às últimas e volumosas precipitações pluviométricas que se deu neste período em Maceió.
De madrugada os plantonistas tiraram as primeiras fotos. Ao amanhecer e seguinte, nossa colega Ana Márcia obteve as demais fotos (clique nas imagens para ampliar).
Detalhe do "pé" da mangueira. O solo cedeu. |
Vários veículos particulares e todas as viaturas ficaram presas durante os primeiros trabalhos de remoção da árvore.
Felizmente não houve maiores danos (algumas esquadrias de janelas e vidraçaria), mas que a mangueira deixou saudades, deixou. Sua carga de frutas era bem apreciada.
Às 15h30 atendi uma ocorrência de homicídio no município de Boca da Mata.
Cena de crime aguardando levantamento pericial (seta preta localiza cadáver sob cobertura de tecido). |
Uma das obrigações do levantamento é identificar os envolvidos (vítima e autor da ação). Durante o curso de auxiliares de perícia, que fizemos no IC/AL em 2010, enfatizou-se justamente a identificação visual: a típica fotografia "3x4" do cadáver.
Obviamente toda a superfície corporal pode reter vestígios importantes, principalmente sujidades e manchas de sangue, mas que também podem dificultar a identificação visual por meio do retrato frontal. Então, busca-se fazer duas fotos do rosto. Uma conforme encontra-se, muitas vezes sujo, e outra com remoção de quaisquer obstáculos à perfeita visualização. Exemplo do caso abaixo:
Registro do rosto com vestígios e com a devida limpeza. |
Dentre outros ferimentos de arma de fogo deste caso, dois foram bastante característicos quanto às suas entradas e saídas. Um no pescoço e outro nas costas. Ambos transfixantes.
O primeiro efetuado à curtíssima distância deixou uma enfática zona de tatuagem. Além do esfumaçamento, também houve ação dos gases quentes (queima).
Vista em ângulo aberto para visualizar os dois ferimentos produzidos pela passagem do mesmo projétil de arma de fogo. |
Abaixo, vistas ampliadas da entrada e da saída do mesmo projétil. Clique nas imagens para ampliar.
Um segundo disparo foi efetuado contra as costas com saída do projétil pelo peito. Veja ampliações da entrada e saída abaixo. Clique nas imagens para ampliar.
Uma segunda recomendação - e particular orientação de cursos de preparação para peritos - é a postura de escalas diante dos vestígios. A importância do registro não se discute. A importância do registro bem feito precisa sempre ser lembrada.
Aquela "régua", acartonada e adesiva, viabiliza o dimensionamento e comparação dos diversos vestígios fotografados. É o caso desta publicação. Nas duas imagens acima é possível verificar que o ferimento de entrada de projétil de arma de fogo costuma ser geralmente menor que o de saída.
Outro vestígio deste caso foi o projétil recuperado do solo.
Foi possível identificar o orifício regular produzido no solo pela penetração do projétil (imagem acima).
Próximo a este orifício é enterrada uma vareta ou formão metálico de modo a retirar todo o torrão de terra onde se projeta a localização final do projétil. Tenta-se extrair o projétil por "desmontagem" do torrão de terra. A pretensão é danificar o mínimo possível a superfície do projétil.
No entanto, em casos deste tipo - penetração no solo - dificilmente se obtém um projétil íntegro. Vejam imagem ampliada abaixo:
Superfície do projétil depois que penetrou no solo. |
Qualquer microcomparação fica bem prejudicada.
Finalizei os exames periciais verificando que a vítima tombou com menos de 18 anos de vida.
Comunidade local acompanhando o final dos exames periciais. |
A mangueira do pátio de estacionamento do Instituto de Criminalística possuía bem mais tempo que isso. Eu mesmo possuo mais idade que algumas dessas vítimas. Mas se uma árvore cai por causa da chuva e um velho não é atraente para ninguém, vejo as pessoas da comunidade e sinto-me autorizado a perguntar: quem será o próximo?
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