Sem a obrigatoriedade de dois peritos em local de crime, dificilmente acompanhamos o trabalho dos colegas. Mas resolvi acompanhar o colega Charles Mariano.
Então segue nossa rotina aproximada para um caso de homicídio em logradouro público.
Hora do chamado: 14:20 h.
O colega, de prontidão no Instituto de Criminalística, é chamado até nossa Central de Equipamentos onde recebe as primeiras informações e a partir daí solicita os equipamentos necessários para o atendimento.
Neste caso a equipe foi composta pelo motorista, o perito e eu como fotógrafo.
Percurso de 17,7 km até o bairro da parte alta da cidade. Local aberto - logradouro público. Vítima alvejada por arma de fogo, à pé na calçada.
O local já estava isolado por fita zebrada. Charles começa o levantamento tomando mais informações junto à guarnição da Polícia Militar e eu inicio as fotografias panorâmicas da cena.
Artefatos balísticos foram constatados na área. Então é feita a numeração e coleta deles. Partindo dos pontos mais distantes vamos nos aproximando da vítima para examiná-la.
Esta vítima foi alvejada em regiões do corpo que estavam vestidas, então, em temos de impacto de projéteis, temos "camadas" para serem examinadas.
Um dos disparos transfixou a bermuda, a cueca e finalmente atingiu a pele, alojando-se na vítima. Vejam abaixo esta sequência de "camadas" registradas:
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Transfixação de tecidos pelo projétil até atingir a pele e se alojar na vítima. |
Outro disparo produziu interessante dinâmica que ficou bem caracterizada na roupa e superfície da pele:
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Dinâmica diferenciada de projétil. Não rompeu a pele por esta estar encostada no pavimento |
A vítima suportou pelo menos um disparo de arma de fogo quando estava deitada sobre o pavimento da calçada. O projétil que penetrou nas costas (vítima em posição de decúbito ventral), percorreu todo o torso e na hora de romper a pele, foi amparado pelo pavimento encostado na pele do abdômen. A energia do projétil lesionou a pele e ainda imprimiu a camisa contra o pavimento. O esgarçamento tinha sujidades do pavimento aderido nele. Vide imagem abaixo.
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Esgarçamento sujo de pó da calçada. |
Ao final dos trabalho, o cadáver recebe uma pulseira de identificação e é recolhido pela equipe do Instituto Médico Legal.
Todos os trabalhos - Polícia Militar, Instituto de Criminalística, Instituto Médico Legal e Polícia Civil, foram também registrados pela imprensa presente no local, prudentemente posicionada atrás do isolamento.
Agradecemos a colaboração de todos os envolvidos no levantamento e voltamos para a base.
Inicia-se a segunda etapa dos trabalhos: encaminhamento do material coletado para exames complementares e elaboração do laudo pericial que seguirá para a Delegacia de Homicídios de Maceió.