Sendo o primeiro do rodízio na equipe do dia (cinco peritos para todo o Estado), cheguei cedo e fiquei de prontidão editando laudos antigos na sala da equipe "F", onde estou lotado.
O computador é da sala/IC, a bagunça restante é minha, incluindo o capacete! |
A primeira ocorrência foi informada às 8h. Indivíduo alvejado por arma de fogo na rua. Suposta reação à assalto. Imaginei logo um ou poucos disparos e manchas de sangue dispostas por uma grande área por causa da fuga ou socorro da vítima.
Vista geral do primeiro levantamento do dia. |
Para minha surpresa, não havia muitas manchas. Apenas empoçamento e escorrimento no ponto onde estava o cadáver. Ou seja, concentração da ação violenta no ponto onde foi encontrado o corpo.
Observem acima que as sombras sobre os veículos estão difusas. O tempo estava nublado quando chegamos. Depois o céu ficou claro e o sol muito forte. Vejam abaixo os efeitos.
Abaixo a "dica" de como amenizar ou mesmo corrigir o efeito da sombra "dura" e seu alto contraste: peça ao colega que faça sombra sobre o assunto a ser fotografado. Se não tiver equipamento específico, basta posicionar seu próprio corpo.
Eliminando as linhas da sombra dura, facilita-se a visualização do conjunto original. Haverá menos elementos para se visualizar, dirigindo o olhar para o que é relevante. A menor intensidade luminosa diminui a saturação de cores, o que também facilita para a maioria das situações.
Abaixo uma vista detalhada de um dos ferimentos. Foto feita no local, também com o assunto "sombreado", mas com o flash embutido ligado (modo "Program") para iluminar a cavidade.
O ferimento foi limpo, sendo possível observar efeitos secundários (pontos sobre a pele). |
Já a fotografia dos artefatos foi feita no Instituto. Desse modo controlei a iluminação difundindo a luz do flash embutido com uma folha de papel e rebatendo lateralmente com outras folhas ao redor dos estojos. Vejam abaixo:
Flash embutido difundido e rebatido ao redor dos estojos. |
Assim que cheguei neste local, houve outra solicitação na região metropolitana. Terminei o levantamento e segui para o segundo local.
Desta vez tínhamos a chance de levar o cadáver para dentro da residência e assim trabalhar totalmente sobre a sombra.
Segundo levantamento. Cadáver sobre a soleira da porta. |
Neste caso fiz duas fotos de dentro da residência para fora para mostrar o efeito do vão iluminado contra um cômodo escuro e como solucionar usando o flash "forçado" (modo "Program").
A câmera mede a luz no centro da imagem, e como o vão está iluminado, ela "mistura" a área escura com a clara e acredita que o cinza resultante está em toda a cena. Para fornecer a luz que falta, ligamos o flash.
Por isso que o modo "Auto" da câmera nesta hora não consegue fazer o registro visto na segunda imagem acima.
Trouxemos o corpo para dentro da residência e finalizamos os trabalhos sob a sombra.
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