sábado, 19 de setembro de 2020

Minicurso de fotografia forense - Piauí

 Minicurso de fotografia forense para a Acadepol do Piauí.

 

No dia 18 de setembro apresentamos o seguinte tema: “fotografia forense, rotina e principais dificuldades” na modalidade online.


 

Foi apresentado um roteiro para orientação dos ouvintes:

 

- Observações introdutórias (pequena apresentação, contextualização do tema e ênfase na exposição exclusivamente teórica);

- Fotografia básica (apresentação do equipamento e dos conceitos essenciais envolvidos na fotografia comum);

- Rotina e dificuldades:

1. Resolução (relação detalhes versus armazenamento);

2. Foco diurno e noturno (como o sistema automático funciona);

3. Iluminação diurna e noturna (uso da luz auxiliar embutida – flash);

4. Vibração (firmeza de empunhadura e uso de tripé);

5. Modo de fotografia mais adequado (as opções da câmera);

6. Macro (na ausência de lente específica, fazer recortes na imagem);

7. Fotografia de luminescência (luminol).

 

E um conjunto de perguntas para cada um fazer uma auto-avaliação a respeito do tema:

 

1.     Porque fotografar?

2.     O que é fotografar?

3.     Qual a fotografia correta?

4.     O que é composição?

5.     Quais dispositivos promovem a exposição?

6.     O que é profundidade de campo e como usar em perícia?

7.     O que é distância focal e como usar em perícia?

8.     Quais as principais tomadas fotográficas em perícia?

9.     Qual foto é obrigatória por lei?

 

A abordagem se pretendeu bem introdutória. Por isso a pergunta: porque fotografar?

 


A imagem é uma forma de linguagem e pela rapidez com que transmite seu conteúdo e a facilidade com que é assimilada se diz que “uma imagem vale mais que mil palavras”.

 

 

Sendo uma forma de linguagem, é preciso aprender a “ler e escrever” nesta “língua visual”.

 

 

E, certamente, como fotógrafo, é preciso saber manusear o equipamento que produz imagens: a câmera fotográfica:

 


A atual disseminação de aparelhos celulares dotados de câmeras fotográficas sugere ao grande público que fotografar é algo tão fácil quanto tocar uma tela contendo a imagem que se quer registrar. E de fato é assim que a esmagadora maioria das pessoas tem feito suas fotografias.

 

No entanto, as câmeras DSLR (Digital Single Lens Reflex), além de serem concebidas para fotografar de forma especializada, também ficaram condicionadas às tecnologias disponíveis em suas diversas épocas de aperfeiçoamento.

 

 

O termo “reflex”, por exemplo, se refere ao fato de a imagem que será capturada ser refletida para um visor óptico na parte posterior da câmera. Nesta época, as câmeras não possuíam monitor, nem resolução de monitor suficiente para atender as exigências dos fotógrafos.

 

Os modernos aparelhos celulares, rapidamente ofereceram telas de altíssima qualidade. Essa tecnologia impactou fortemente nas câmeras DSLR. Uma vertente delas simplesmente abandonou a reflexão da imagem e agora projetam diretamente em um monitor traseiro (câmera “mirrorless”).

 

Depois de conhecer o equipamento, vamos aos fundamentos teóricos:

 

 

São três os principais pontos relacionados à captura de imagens por meio de um equipamento fotográfico: 1 – exposição (tempo, quantidade e sensibilidade à luz), 2 – foco e profundidade de campo, e 3 – distância focal.

 

No primeiro ponto, temos uma combinação de três dispositivos físicos dentro da câmera digital: o obturador (tempo de luz), diafragma (quantidade de luz) e sensor digital (sensibilidade à luz), cujos efeitos podem ser resumidamente conferidos na imagem abaixo:

 

 

Ajustar um destes dispositivos implica em ajustar um dos outros dois para manter o mesmo nível de luz no registro final. Não apenas se estabelece o nível de luminosidade na foto, mas como ela será registrada. Nítida? Borrada? Com ou sem qualidade (de ruído).


Os dois pontos seguintes estão relacionados à construção da lente e ao seu posicionamento em relação ao sensor.

 

 

O foco é a parte da imagem que fica nítida, com arestas agudas, onde detalhes podem ser percebidos. “Fora de foco” é justamente quando a imagem fica embaçada, borrada, com aspecto de esfumaçada.

 

Essa nitidez é obtida com um ajuste de posicionamento do conjunto de lentes que estão na frente do sensor. Existe um "anel de foco" e ele pode ser automatizado.

 

A profundidade de campo é quantidade de áreas em que a nitidez é percebida. É possível escolher uma, duas ou até toda a área da imagem com nitidez.

 

Não apenas o posicionamento e tipo de lentes produz esse efeito. Ajustes no diafragma e no próprio posicionamento do fotógrafo, próximo ou distante do assunto, podem mudar as áreas que ficarão nítidas na imagem capturada.

 

A distância focal tem a ver com o distanciamento da lente para o sensor:

 

 

A principal implicação é o ângulo de visão da lente. Uma grande angular (menor que 50 mm) consegue fotografar amplas áreas e são essenciais para fotos panorâmicas. Teleobjetivas (maior que 50 mm) se prestam a registrar detalhes ou objetos distantes em que não é possível se aproximar. As lentes “normais” (50 mm) oferecem baixo índice de distorção.

 

Com base nestes poucos fundamentos de fotografia é possível afirmar que fotografar é um compromisso entre escolhas (assunto, ajustes, posição, etc.) e quanto mais se fotografa, mais fácil se torna fazer estas escolhas.

 

Quando falamos em fotografia pericial, estamos dando à técnica tradicional de fotografia um objetivo específico: registro visual de elementos materiais que irão subsidiar uma investigação forense.

 

 

Então, uma vez sabendo manusear o equipamento e conhecendo os fundamentos da fotografia básica, devemos consultar as exigências legais a respeito do que deve ser registrado para fins forenses. Os primeiros documentos de consulta são o Código de Processo Penal e o Protocolo Operacional Padrão do Ministério da Justiça, ambos disponíveis na internet.

 

 

Sabendo operar a câmera e sabendo o que precisa ser feito em local de levantamento pericial, basta ir à campo e efetuar o trabalho.

 

 

Infelizmente (ou felizmente) a vida real é mais rica do que as frias letras da lei e dos manuais técnicos. Inevitavelmente dificuldades surgirão. Seja pela sua inexperiência, seja porque certos problemas técnicos ainda não foram solucionados.

 

No começo deste texto selecionei e apresentei sete dificuldades comuns na fotografia pericial. Diante das limitações de tempo e da modalidade de exposição (online) não foi possível esmiuçar as soluções propostas no grau de detalhamento que eu desejaria.

 

Até o final das apresentações deste minicurso de fotografia forense (dias 24 de setembro e 3 de novembro), vou me comprometer em fazer publicações complementares.


Por último, e certamente não menos importante, é preciso lembrar que a proficiência em fotografia deve vir com a pratica. Cursos presenciais otimizam a interiorização dos fundamentos teóricos, mas nada que o esforço individual não consiga ao longo de um tempo.


Estamos à disposição!

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