quarta-feira, 16 de outubro de 2013

Mais estatística do IC - site oficial

Desta vez a notícia é oficial. Feita pelo nosso jornalista Aarão. Link abaixo para verificação.

Gráficos confirmam o desempenho da Perícia Oficial de Alagoas.

Abaixo texto na íntegra publicado no site da Perícia Oficial.

Peritos do Instituto de Criminalística quadruplicam produtividade.

Os números surpreendem e chamam atenção de especialistas em segurança pública do Estado. Cada vez mais, os serviços realizados pelos peritos do Instituto de Criminalística são solicitados. O aumento comprova a importância da prova técnica no combate a criminalidade.

Em nove anos, de 2005 a 2013, os requerimentos de exames periciais em locais de crime, chamados de perícias externas de crimes contra a vida, contra o patrimônio, e de acidente de trânsito, aumentaram em 33%, saltando de uma média mensal de 149 para mais de 200 este ano. Nas perícias internas, exames de documentoscopia, de informática forense, de balística, identificação veicular e de Laboratório, o aumento foi maior ainda, precisamente 318%, pulando de uma média mensal de 85 solicitações para 359, no último mês de setembro.

Para José Cavalcante, perito e diretor do Instituto de Criminalística, o crescente número de solicitações se deu principalmente pela mudança de pensamento dos órgãos judiciários como a Polícia Civil, Ministério Público e Tribunal de Justiça, em entender a necessidade da prova técnica através dos laudos periciais para apresentar denúncia contra suspeitos. 

“Houve também um engajamento por parte dos peritos, após, a implantação do programa Brasil mais Seguro, onde a Secretaria Nacional de Segurança Pública se comprometeu em investir em qualificação e equipamentos para o Instituto de Criminalísticas, e em contrapartida os peritos se comprometeram em ampliar sua produtividade, inclusive utilizando suas horas de folga para produzir mais laudos”, explicou o diretor.  

Quando se trata das estatísticas dos resultados desses exames, tanto os laudos das perícias internas como da externa quadruplicaram. Em 2007 foram emitidos pelo Instituto de Criminalística 1164 laudos internos, este ano já foram emitidos 6362, um aumento de 446,5%. Nas perícias externas o aumento na produção dos laudos foi maior ainda, subindo de 566 laudos em 2007 para 3129 documentos enviados aos órgãos solicitantes este ano, o que representa um aumento de 452,8% na produtividade.

Curiosamente, o diretor ressalta que esse aumento na produtividade se deu em um período onde ocorreu uma redução de números de peritos no IC. Em 2007, 51 profissionais atuavam na atividade fim de perícia, em 2013 são apenas 34. Com o concurso, novos profissionais serão contratados e esse número aumentará para 54. Outra novidade é a construção do novo laboratório forense, que permitirá a ampliação de exames periciais internos. A obra que está em andamento será concluída em três meses. 

“Com o novo laboratório poderemos fazer exames como toxicologia, envenenamento, combustível adulterado e alcoolemia nos casos de vitimas fatais em acidentes de trânsito. E mesmo sendo insuficiente a quantidade de vagas oferecida pelo concurso, apenas 20 para peritos, existe a possibilidade de se chamar o cadastro de reserva para se trabalhar no novo laboratório, como também de abrir o núcleo de instituto de criminalística em Arapiraca, o que diminuiria o tempo resposta a chamada no agreste e sertão do estado.” Concluiu o diretor.

terça-feira, 8 de outubro de 2013

Estatísticas da Perícia Oficial Alagoana

Ontem (dia 07/10/13) a Direção do Instituto de Criminalística de Alagoas disponibilizou alguns números que traduzem o cotidiano da Perícia Oficial.

De janeiro do ano passado até o mês passado (set/2013) temos uma visão mais ampla do desenvolvimento do número de levantamentos (ocorrências para as quais somos solicitados a efetuar exames periciais) e o número de laudos expedidos pelo instituto. Vejam abaixo:

Clique na imagem para ampliar.

Observa-se patente crescimento da produção de laudos acima do número de levantamentos que se manteve estável ao longo do período. O cruzamento das linhas no gráfico se deu no momento da implantação do Programa Brasil Mais Seguro em Alagoas, em junho de 2012.


Números absolutos por trimestre.

O comparativo abaixo, no período aproximado de agosto de 2012 a agosto de 2013, mostra a relativa manutenção do número de levantamentos com o aumento da produção de laudos no mesmo período. (Clique nas imagens para ampliar).



É sempre interessante ressaltar que a participação da Força Nacional, dentro do Programa Brasil Mais Seguro, se deu tanto no policiamento ostensivo, quanto no judiciário, mas também no âmbito da Perícia Oficial. E neste último caso começou cerca de dois meses depois e auxiliando as perícias internas de exames em balística. Os exames externos circunscreveram-se à capital Maceió e à segunda maior cidade de Alagoas, Arapiraca. Ultimamente estão limitados à Maceió e ao município vizinho de Rio Largo. E para restringir ainda mais, os exames periciais externos abrangem apenas homicídios e no montante de três por plantão. Acima disto e fora destas cidades, a força local continua atuando, como sempre esteve.

Vejam abaixo a participação da perícia da Força Nacional no conjunto de exames externos da Perícia Oficial do Estado (clique na imagem para ampliar):

Participação da perícia da Força Nacional no universo dos exames externos.

Lembro também que atualmente a Força Nacional disponibiliza apenas uma equipe diária com um perito criminal e um papiloscopista. Eles atuam principalmente junto à delegacia de homicídios (que possui delegados e agentes da Força Nacional).

Noutro gráfico percebemos o incremento de solicitações de exames desde o ano de 2005.


Percebam neste outro gráfico que a Perícia Oficial vem dando resposta proporcional à demanda.


Os dois últimos gráficos acima ilustram uma adequação destes servidores a uma necessidade da sociedade. Estamos buscando atender o crescente aumento da criminalidade.

Os números abaixo são ainda mais surpreendentes:

Média seis meses antes do programa e 12 meses seguintes.

Significa dizer que depois de 18 meses, o índice de levantamentos caiu 8,80% e a produção de laudos subiu 171,88%.

Neste aspecto, junto a diversas ações de valorização da perícia local pelas intervenções do Ministério da Justiça quando da implantação do Programa Brasil Mais Seguro, a Perícia Oficial alagoana conseguiu responder não só à altura, mas também além!

Nesta reportagem (Homicídios em Alagoas desafiam a polícia) é possível apreciar o tamanho do desafio que qualquer estado enfrenta quando se fala em Segurança Pública.

segunda-feira, 7 de outubro de 2013

Plantão 14 de setembro - Residuográfico e homicídios

Dia 14 de setembro é o aniversário da minha mãe, mas, mais uma vez, eu estava de plantão! É essa uma das desvantagens do plantão. Às vezes trabalhamos nos dias mais estimados. E já que a regra é a prontidão, sempre, lá estava eu no IC, aguardando chamadas para o que der e vier.

No entanto, plantão não é só estado de espera, às vezes fazemos coisas diferentes, mas necessárias ao trabalho. Neste plantão, tive de trocar a resistência elétrica do chuveiro do alojamento dos peritos!


É uma tarefa da manutenção, mas ela não funciona no sábado. Então substituí a peça. Visando melhorar nosso ambiente de trabalho eu já havia disponibilizado shampoo e sabonete líquido para o alojamento. Não precisamos de sofisticação, mas conforto é sinônimo de tranquilidade e satisfação para desenvolver um bom trabalho.

Abaixo uma visão da nossa copa. Ainda não havia ilustrado ela no link "Conheça as instalações da Pericia Oficial de Alagoas".

Vista geral da copa do IC/AL.

Repito, pode parecer irrelevante, mas boa estrutura de trabalho e suporte é essencial para desenvolver um bom trabalho pericial.

LOCAL 01 (01h18) - Morte suspeita em Coruripe.

Às 22h35 fomos chamados para examinar um corpo encontrado dentro de residência. Suspeita de estrangulamento. Em meia hora estávamos na estrada. Foram 87 km desde Maceió, mas ainda tivemos de percorrer mais 25 km até o povoado de Bota Fogo onde estava o local a ser examinado.

A instrução era de que deveríamos nos deslocar até o Grupamento da Polícia Militar (GPM) do povoado de Pindorama. Ali estaríam os policiais que nos escoltariam até o local.

Infelizmente não foi o que aconteceu...


Ficamos apenas alguns minutos na frente do GPM. Sem qualquer presença policial decidimos entrar no povoado com as luzes de advertência ligadas na esperança de que fôssemos avistados.

Felizmente foi o que aconteceu!

Nos encontraram trafegando aleatoriamente pelo povoado e assim também encontramos o local.

Numa pequena vila de casas geminadas, construídas para aluguel, estava o cadáver no piso da sala. Registrei duas curiosidades do caso. Na primeira delas, chamava a atenção o escurecimento das extremidades dos dedos de ambas as mãos.


Examinando mais próximos, ficava claro tratar-se de restos de maquilagem! A vítima estava removendo a maquilagem do rosto quando veio a falecer.

A segunda curiosidade foi a ocorrência de fauna cadavérica (formigas). Embora tratasse de residência, nem todas são tão asseadas. E também dependendo das condições do cadáver (sujidades de alimentos, p. ex.) os sinais podem se manifestar rapidamente.


Na sequência abaixo é perceptível os níveis de proximidade das costas com o piso e o perímetro de atuação das formigas. As manchas de hipóstase já estão instaladas.


A conclusão destas últimas duas sequências fotográficas é a de que transcorreu um bom período de tempo entre o óbito e a chegada dos peritos no local. O relato mencionava 16:00 quando da descoberta do cadáver. Nós chegamos no local à 01:18 da manhã!

Embora pareça que a perícia demorou nove horas para chegar ao local é preciso dizer que 16 horas foi a hora da descoberta do cadáver naquela povoado distante 25 km de um pequeno centro urbano. A delegacia só tinha um policial que já havia sido advertido por "abandonar" a delegacia noutra oportunidade e por isso não se deslocou até o povoado vizinho. Os policiais militares se circunscrevem a aguardar, ao menos a perícia. O IML recolhe o cadáver e todos vão para casa.

Espera-se que a investigação se inicie e se conclua em algum outro momento posterior. Infelizmente essa é uma das consequências do efetivo reduzido das diversas instituições da Segurança Pública Estadual.

Pelos vestígios constatados no local não ficou clara a causa da morte. Possivelmente os exames cadavéricos empreendidos pelo IML deverão mencionar alguma relação à excesso de bebida alcoólica.

LOCAL 02 (08h00) - Residuográfico na Delegacia de Homicídios de Maceió.

Retornei ao IC às 03:46, mal dormi duas horas e às 06:00 havia outra chamada para o município de Paripueira. São 36 km no sentido contrário ao de Coruripe.

Eu estava convicto de que não aguentaria outra viagem então pedi a um colega para me substituir. No entanto, imediatamente surgiu mais uma chamada para efetuar coleta de resíduos de pólvora em seis suspeitos na delegacia de homicídios de Maceió. Não pude negar ir.

O exame residuográfico atualmente feito em Alagoas utiliza coletores chamados "stub". São pequenos adesivos protegidos em frascos plásticos que posteriormente são submetidos a uma varredura microscópica por um microscópio eletrônico.


Já na delegacia solicitei uma sala e distribuí o material na mesa. Para cada suspeito são utilizados dois frascos. Um para cada mão. Lacra-se tudo e envia-se para o laboratório.


Só tem um detalhe: em Alagoas ainda não temos o MEV (Microscópio Eletrônico de Varredura). Conforme a necessidade, o material é enviado para outros estados.

Em São Paulo existe um equipamento deste tipo:

MEV da Polícia Técnica de São Paulo.

Técnicos utilizando o MEV - São Paulo.

Fonte das imagens e notícia completa: http://www.ssp.sp.gov.br/noticia/lenoticia.aspx?id=31928#2

Só deixei a delegacia por volta das 10:30. Deixei o IC às 11:00, devido à burocracia da cadeia de custódia da coleta. Cheguei em casa ao meio-dia. O plantão havia terminado 4 horas atrás.

terça-feira, 1 de outubro de 2013

Plantão do dia 08 de setembro - se prevenindo

Quem imagina que passamos o dia de plantão apenas aguardando locais para serem atendidos, se engana.

"Esperar pelo melhor e preparar-se para o pior: eis a regra" (Fernando Pessoa).

Revisando os itens básicos do equipamento padrão.

Na manhã do plantão do dia 08 fui preparar meus "kits" de pulseiras de identificação de cadáveres. Isso facilita na hora de fixar a pulseira no cadáver no local de crime. Já deixo as vias com os adesivos presos e tudo separado em embalagens separadas.

Ao mesmo tempo, para registrar essa preparação, fiz alguns experimentos com o uso do flash usado diretamente, difuso (aposição de uma folha de papel na frente do flash embutido da câmera) e rebatido (desviado com uma folha de papel opaco contra a parede à frente da mesa). Vejam as fotos abaixo:

A coluna à esquerda é uma vista geral dos kits e à direita um detalhe da imagem. Os kits são envoltos em embalagens plásticas que refletem a luz do flash. O propósito da experiência era minimizar o reflexo da luz direta do flash embutido.




Percebam que o melhor resultado, para evitar os reflexos, foi obtido com a luz rebatida. Ou seja, o ângulo de incidência da luz era tão grande em relação à objetiva que os reflexos praticamente desapareceram.

Abaixo o melhor resultado com tratamento digital da imagem (para aumentar o contraste).

Minimização dos reflexos com luz rebatida.

Ao mesmo tempo fiz o registro fotográfico de alguns vestígios recolhidos em plantões passados.

Do mesmo modo obtive resultados satisfatórios com uso de algumas estratégias simples de difusão da luz do flash embutido da câmera fotográfica e da aplicação de luz rasante decorrente de uma lanterna extra.



As fotos acima foram capturadas em f/5.3, expostas por 1/60 s, ISO 400, distância focal em 70 mm e principalmente com uma compensação de exposição em +2. A luz rasante foi simplesmente acrescentada na segunda coluna das fotos acima.

Para atender a chamda de 18h25, saímos às 18h40. Abaixo outra experimentação de fotografia. Uso de flash direto e simples e depois usando o recurso "slow flash" que mantém o obturador mais tempo aberto capturando a luz ambiente e "enchendo" a cena com os arredores não mostrados na primeira fotografia.


Nosso destino era Ibateguara. E no percurso ainda testei a câmera dentro da viatura em movimento. Tentei registrar o luar com uma "estrela" bem próxima. Vejam a primeira imagem (seta branca).


É preciso dizer que com o veículo em movimento não seria possível uma foto sem algum balanço. Confiram na segunda imagem acima numa ampliação de uma segunda exposição.

Curiosamente fiquei sabendo tratar-se de um fenômeno singular em que o planeta Vênus estava sendo encoberto pela nossa lua! Outras perspectivas foram percebidas pelo Brasil afora. E certamente as fotografias não foram de dentro de viaturas em movimento!


Tratava-se de um homicídio por arma branca, defronte a um imóvel residencial.

Seta indica o imóvel examinado.

Um ferimento inciso foi constatado em um dos membros superiores.

Ferimento inciso.

Neste momento é interessante o uso da escala. Por dois motivos. Primeiro ela permite dimensionar a lesão e segundo permite guiar o recurso de foco automático da câmera fotográfica.

Reparem que se apontarmos o centro do campo de visão da câmera para o centro do ferimento o foco será feito ali, perdendo as informações da borda do ferimento que é o que define o tipo do instrumento que o produziu. A escala permite medir o que interessa e ao mesmo tempo servir de guia para o foco automático. Para isso é preciso que a escala esteja no mesmo plano do assunto a ser fotografado. E no caso é a borda do ferimento.


Lembrar que em matéria de fotografia forense a nitidez (registro dos detalhes) é essencial. E quanto mais planos focados melhor. No entanto, em ferimentos profundos será preciso ter o cuidado acima.