domingo, 12 de abril de 2020

Plantão do dia 07 de abril

Às vezes a frequência com que se encontram corpos em condições de difícil acesso e resgate deles nos exige solicitar os valiosos serviços do Corpo de Bombeiros Militar. Neste plantão não foi diferente. Aliás, foi bem necessário.

Para se ter acesso ao alto da barreira de 14 metros de altura foi preciso percorrer um terreno de vegetação rasteira por cerca de 270 metros. Tudo isso bem próximo da zona urbana do município de São Miguel dos Campos.

Trajeto (em vermelho) por meio da mata para se chegar ao local.

Os trabalhos começaram ainda com luz do dia, mas não foi possível evitar a escuridão total.

Vista do logradouro mais próximo que dava acesso ao local e vista do alto da barreira.

Desceu-se uma bandeja para acondicionamento do cadáver e facilitar o içamento.

Vista geral do local dos trabalho. A cidade de São Miguel dos Campos ao fundo.

A foto da vista geral do local dos exames foi um pequeno desafio. O flash exclusivo não iluminaria o fundo da barreira a mais de 14 metros de distância. O segredo foi deixar o obturador aberto capturando a luz da lanterna dos bombeiros e ligar o flash na medida certa para iluminar o primeiro plano (alto da barreira). A luzes da cidade também foram registradas pelo obturador lento (1/10 s, f/5,6, ISO 3200, compensação +3, câmera na mão, sem tripé).

Erguendo a bandeja até o alto da barreira.

Finalização dos trabalhos de resgate.

Já com o cadáver no alto da barreira, levamos até o logradouro mais próximo (iluminação pública dos postes, mas a lanterna dos bombeiros continuou sendo muito útil).

Ferimentos perfuro-contundentes identificados.

Não foi difícil detectar alguns sinais de ação violenta, mas em função do estado do corpo (putrefação e manuseio para seu resgate do solo), os exames necroscópicos efetuados pelo IML em condições muito melhores que as nossas devem trazer esclarecimentos mais robustos do que aconteceu com a vítima.


quarta-feira, 8 de abril de 2020

Nova instrução normativa do IC

Depois da última postagem, onde apresentei alguns itens de uma equipe de levantamento pericial externo, tivemos uma atualização das rotinas no IC.

Na nova instrução normativa nº 03 temos uma apresentação da estrutura da Gerência de Perícias Externas:


A equipe é prevista com quatro profissionais. Devido à escassez de pessoal, por vezes dispensamos o fotógrafo. Neste caso o perito criminal faz o levantamento fotográfico.

Temos algumas orientações de atendimento na área de todo o Estado, região metropolitana e capital. Lembrando que estas divisões atendem a necessidade do serviço do IC, não sendo igual à divisão adotada pelo Governo.


São 06 (seis) equipes de MV, combinadas com um perito de Patrimônio e outro de Trânsito. Sendo assim, ficam cerca de 06 (seis) peritos por dia, na melhor das condições (temos férias, afastamentos e escassez mesmo. Com isso algumas equipes não se completam).

Para melhor orientar as trocas de plantões existem diretrizes já inseridas no texto:


É preciso harmonizar todas as equipes. Não apenas entre os plantões, mas também entre as especialidades e entre os auxiliares.

Plantão do dia 3 de abril de 2020

Corpo encontrado em leito de rio.

Foi uma solicitação do plantão anterior, mas em virtude da dificuldade de acesso ao local dos exames e resgate do cadáver do leito do rio, transferiu-se o levantamento para a equipe do dia seguinte.

Conforme rotina prática (já postada neste link), a equipe é formada para atender o local:


Geralmente a equipe é composta por: um perito criminal (1), um manipulador (2) e um motorista terceirizado (3). Neste caso o fotógrafo foi dispensado. Eu mesmo fiz as fotografias.

Com relação aos recursos materiais, levamos: a maleta da Senasp (4), uma maleta de ferramentas particular do perito (5), a viatura (6) e a câmera fotográfica (7) que vem junto com o aparelho GPS dedicado. Nesta caso eu também levei uma câmera e um GPS próprio.

Fizemos um percurso de 41,6 km até a zona rural do município vizinho:

Margens do Rio Mundaú, na zona rural de Rio Largo.

Uma parte na rodovia e outra por estradas de barro. Com direito a travessia de ponte de madeira e uma caminhada de meio quilômetro.

Ponte e caminhada até o local nas margens do rio.

A equipe do IML fez a diferença. Resgatou o cadáver do meio do rio. Estava preso entre as pedras.

Recuperação do cadáver do meio do rio.
 Já na margem seca, foi possível pesquisar a superfície do cadáver e constatar alterações que sugerem uso de arma de fogo. A confirmação virá do exame necroscópico a ser feito no IML.

Alterações suspeitas que serão verificadas no IML.

Retornar os 500 metros até às viaturas exigiu esforço conjunto da equipe dos IC e do IML:

Transporte do saco contendo o cadáver pelo trecho feito à pé.

O Corpo de Bombeiros Militar foi solicitado, mas em virtude da demora e pelo fato de o IML ter conseguido contornar a distância da margem, não foram necessários no levantamento.

Ainda nos livramos de uma cobra que havia no caminho. Passamos e não vimos, mas uma colega conseguiu uma foto:

Perigos da zona rural.

De volta ao IC, cumprimos a mesma rotina que mostra como devemos devolver todos os recursos usados no levantamento.

Inclusive a paramentação sofre com o clima quente e úmido. Geralmente apenas o bolso fica livre do suor...

Muito suor no clima quente.