sábado, 17 de maio de 2014

Plantão acompanhando outra equipe!

Acompanhar colegas de trabalho em locais de crime soa bastante estranho atualmente. A exiguidade de peritos não permite. Mesmo assim insisti em ir com o colega Robério em um local bastante próximo da base. Assim, se houvesse outra chamada, eu estaria dentro do perímetro de atuação da base com alguma folga!

Vista geral do local de crime (com indicação do cadáver no primeiro plano).

Embora todo o procedimento seja padronizado, algumas peculiaridades são transmitidas ao levantamento pelas características dos membros da equipe. Como gosto de fotografia, me detive especialmente na fotógrafa Luciana:

Fotógrafa se posicionando para fazer tomadas de relação de vestígios.

Das 126 fotografias que obtive, não necessariamente objetivando fazer o levantamento, a fotógrafa aparece em 67 delas!

Não é fato de se espantar, afinal de contas as mesmas tomadas que ela teria de fazer, eu também, se pretendesse, no mínimo, ajudar no levantamento fotográfico.

Abaixo duas imagens fora dos objetivos periciais.


À medida que o fotômetro central da câmera obtinha medidas, inclusive influenciada pela posição da lanterna da fotógrafa, obtive duas imagens distintas e com mensagens diferentes!

Observem que na segunda imagem, quando ela iluminou o braço, o fotômetro julgou maior claridade geral na imagem. Como não correspondia com a verdade, todo o restante ficou escuro.

A equipe trabalhou em harmonia. Vejam abaixo o "trio", Robério (perito), Luciana (fotógrafa) e Messias (motorista). O pessoal do Instituto Médico Legal ajudou na manipulação do cadáver.

Robério, Luciana e Messias, todos da equipe pericial.


Todos os dados necessários para esclarecimento do fato devem ser cuidadosamente coletados e anotados. Nisso se começa a perceber uma pequena diferença entre eu e o Robério. Ele anota mais e é bem compenetrado nos detalhes:

Robério anotando dados importantes.

Por outro lado, eu costumo abusar das fotografias. Insiro o máximo de informação nelas. Seja por meio de escalas, numeradores ou mesmo edição eletrônica posterior. Também fazem parte da linguagem visual, a sequência e os ângulos das tomadas fotográficas.

No levantamento da Luciana, apareci apenas em duas fotos das quarenta e seis que ela produziu. Em uma fiquei irreconhecível (muito longe). Na segunda fiquei bem melhor! Vejam abaixo:

Uma das raras vezes em que sou fotografado pelos colegas.

Os dois levantamentos resultaram 172 fotografias, mas as condições precárias de iluminação introduziram muitos "ruídos" em todas as imagens (consequência da sensibilidade alta do sensor).

Ainda existiram outros problemas, como o isolamento do local. Tardio para uma zona urbana densamente povoada. A preservação também foi sofrível, pois muitos policiais circularam dentro da cena do crime.

Por fim, foi um caso interessante para discussão. Quem sabe consigamos por na mesa os dados. Discutir sobre eles e propor melhorias.

2 comentários:

  1. Simplesmente FANTASTICO, André. Entrei em cada trecho, parevia que estava no local pela riqueza de detalhes que nos passou. Parabéns.

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  2. Ana Márcia Nunes - Perita Criminal19 de maio de 2014 às 17:05

    Parabéns, André Braga! Você consegue retratar bem o cotidiano da Perícia Alagoana.
    O que é lamentável é essa falta de cultura do isolamento do local de crime. O local está devidamente isolado quando apenas o cadáver e os vestígios estão dentro da cena do crime.

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