quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Interprete-se, mas aplique-se (e depois mostre!)

"As leis penais não se prestam à dança macabra dos poetas, às variações caprichosas dos 'dilettanti', ou às misturas fraudulentas dos farmacopolas. As fórmulas do processo são inteiriças e rijas como a lâmina da espada. Não admitem analogias, amplificações, ou tropos."
Rui Barbosa

Quisera eu poder aplicar integralmente às relações administrativas do meu trabalho as também rígidas leis administrativas gerais, os princípios constitucionais básicos (“limpe”) e toda sorte de brocardo jurídico e ético para dar maior eficácia ao meu esforço.

As reuniões são sucessivas, longas e extenuantes. Ultimamente até se faz uma lista para o uso da palavra, mas as falas e os diálogos se engalfinham.

Dia 23, outubro, final do mês em que estou incumbido de “produzir” vinte e quatro laudos, participo de uma dessas reuniões. A minha meta foi posta à “canetada”. O convite para isto sempre é antecedido por “colabore...”. E quem não quer? Estamos no serviço público para isso! Para servir. Inclusive participar de reuniões. As infindáveis reuniões...

Três horas depois e alguns pontos são abraçados pelos falantes. O Instituto de Criminalística, dentro da programação da Secretaria Nacional de Segurança Pública, foi chamado para dar uma resposta. Temos de dar uma satisfação. Ao povo, ao governo e a nós mesmos...

Chega de se produzir uma pílula a cada 10 dias! Agora são três por semana e não importa como. Enxuguem! Simplifiquem, reduzam, sejam objetivos. Se disser que eu disse, eu nego! Contanto que no final do mês me entreguem uma conta redonda, gorda. Preciso mostrar serviço.

Nesta corrida dos números, estratégias foram implementadas. Chamam a “Força Nacional”, afastam-se os peritos “menos ágeis” e deixam apenas uma parcela dos peritos “que trabalham” atender mais locais. Não importam as especializações, a formação de cada um ou a própria estrutura local. O foco é atender a demanda de homicídios, pura e simplesmente.

Reconheçamos dois fatos: Alagoas mata demais e a leniência de governos do passado “amoleceu” o servidor da segurança pública.

Precisamos de um “choque” de gestão? Talvez sim. Mas tem de ser um choque! Não um engodo. Não mais um “vamos lá gente!” É preciso o estabelecimento de regras claras, determinadas no tempo, aferíveis e principalmente justas.

Nossa! O que seria “justiça” num contexto desses? Porque se tocou neste assunto?

Talvez o programa seja bom. O lugar ideal. A necessidade patente, mas... Será que todos foram chamados a colaborar na medida de suas possibilidades?

Talvez sim! Mas não basta “ser a mulher de César”. Se tem uma coisa que o servidor público tem de fazer é prestar contas de sua atividade.

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