quinta-feira, 18 de abril de 2013

Plantão dia 30 de março - acidente em Messias

Fazer um levantamento pericial não supõe apenas chegar ao local e fazer os exames. Ultimamente temos feito muitas viagens para atender locais pelo interior de Alagoas, então o trajeto até o local termina fazendo parte de todo o levantamento!

Às vezes, durante a viagem, registro algumas imagens fora do contexto da criminalística, muitas vezes para testar a viabilidade de usar a câmera em condições adversas (veículo em movimento). Raramente solicito ao motorista para parar, uma vez que o objetivo naquele momento ainda é ir ao local de crime/acidente.

No último plantão do dia 30 de março tentei fotografar o veículo que seguia adiante da viatura utilizando minha Nikon D90. Saliente-se que era noite e ambos os veículos estavam em movimento!


 Para capturar a luz ambiente (o flash não possui alcance útil) é preciso aumentar a sensibilidade do sensor (ISO) mesmo sob pena de perda da qualidade da imagem (textura "arenosa").


Invariavelmente a velocidade do obturador cai (modo semi-automático) e o movimento da câmera será facilmente registrado. Veja acima como os pontos de luzes "dançam" com o obturador aberto.

Fotografia com obturador travadao em 1/125.

Então passei para o programa de prioridade para o obturador e mantive a velocidade alta do obturador (ISO alta e diafragma automático). Consegui "congelar" o movimento da câmera, mas sob prejuízo da luminosidade total da imagem. De qualquer modo, com o veículo distante cerca de 15 metros à frente da viatura consegui capturar facilmente o nome do município na placa traseira (foto abaixo).

Amplicação da imagem anterior.

O levantamento dizia respeito a uma colisão frontal carreta x motocicleta. Não é preciso dizer quem levou a pior.

Efeitos na frenagem, no pavimento e no pneu.

Um mito que algumas pessoas imaginam é que uma frenagem nada mais é que uma marca no pavimento. Além disso é também (obviamente!) uma perda de material no pneu. E essa perda tem características marcantes, apesar de óbvias.


Efeito da frenagem na banda de rodagem do pneu.

O material emborrachado do pneu transfere-se para o pavimento exatamente como um lápis deixa o grafite sobre uma folha de papel. Enquanto o lápis possui um núcleo cilíndrico que se desgasta em seções transversais ao eixo longitudinal o pneu é "redondo" (mais especificamente próximo a um toróide) e se desgasta, numa frenagem, por meio de planos tangenciais à sua banda de rodagem. E isso se dá gradualmente. As duas fotos abaixo mostram isso.

Vista aproximada da extremidade do desgaste.

Divisão das seções da banda de rodagem.

Reparem acima: 1) superfície normal da banda de rodagem; 2) início do desgaste apresentando-se como mero arrastamento; e, 3) desgaste propriamente dito com perda do material emborrachado.

Uma frenagem é um evento que pode ser caracterizado por estas e outras peculiaridades que definem se ela era recente ou compatível com o acidente visto de um modo mais abrangente.

Neste caso examinado todos os dezesseis pneus traseiros e os do caminhão trator apresentavam algum tipo de desgaste decorrente da frenagem.

Nenhum comentário:

Postar um comentário