quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

Plantão do dia 18 de janeiro

Passei a manhã e a tarde envolvido com a reorganização da sala da equipe. Meu colega de sala, Charles Mariano, se empolgou em arrumar as coisas. Em breve publico as melhorias (organização sempre é bom!).

Esta "folga" no período diurno eu tive por estar mais avançado no rodízio. Aparentava ser um plantão calmo para um domingo. Mas o período noturno...

Às 18h30 recebo minha primeira chamada para Marechal Deodoro. Homicídio duplo.

Passamos na delegacia, mas com apenas um agente e três presos, deixamos a companhia da polícia civil de lado e fomos nos encontrar com a polícia militar no local do crime.

Seguindo para o local na zona rural de Marechal Deodoro.

Os cadáveres estavam distanciados em 226 metros. Ambos estavam numa estrada de barro, por entre propriedades rurais.


Para minha surpresa, em local tão ermo - estavam presentes apenas os policiais militares, os auxiliares do IML, eu e o motorista do IC - chegou para acompanhar os trabalhos o Secretário de Segurança do Estado de Alagoas.

Passamos algumas informações e seguimos o trabalho.

Dois pontos de curiosidade. Em um dos cadáveres havia início de postura de ovos de moscas. Essa atividade é rápida! Mesmo com cerca de quatro horas isso já havia começado em um deles.


A outra curiosidade foi a inventividade do nosso colega do IML, Carlos, que fixou uma lanterna de mão em seu boné! Luminosidade maior que o comum para este tipo de lanterna e mecanismo simples de fácil reprodução. Vou experimentar!

No mesmo local recebemos informação de uma segunda ocorrência: acidente de trânsito em Craíbas.

Chegando no segundo local da noite. Colisão de veículos em rodovia estadual.

Cumpre dizer que não havíamos jantado quando formos para Marechal Deodoro, por isso decidi pararmos em São Miguel dos Campos e comer um sanduíche. Saímos logo para Craíbas.

Outros dois pontos de curiosidade. A primeira nem é tão estranha assim. Em colisões intensas o derramamento de óleo sobre a pista é comum e marca bem distintamente o sítio de colisão. Foi o nosso caso. Imagem abaixo.

Mancha de óleo que define o sítio de colisão.

Quando não é o óleo, é a escarificação sobre o pavimento provocada por alguma parte metálica dos veículos. Isso marca bem a dinâmica do evento.

A outra curiosidade, também não incomum, foi a transferência de tintas. Neste caso não apenas a cor da carroceria da motocicleta passou para a lataria do veículo, como também a cor das vestes da vítima.



O forte impacto de uma colisão produz sinais interessantes que denunciam facilmente muitas etapas do evento. Também neste local recebemos notícia de que havia uma morte suspeita para ser investigada no município de Traipu, às margens do Rio São Francisco. Partimos para lá.

Passando pelo portal do município de Traipu.

Foi o local com mais demora para encontrar. Tratava-se de um imóvel dentro de um assentamento fora da cidade. Pela madrugada poucas pessoas são encontradas na rua para passar informação. Nem é preciso dizer que não tivemos apoio da polícia civil. Mas encontramos a polícia militar no local. Encontramos o local pela luz do rotativo da viatura deles!

Chegando no terceiro local do período noturno.

Os casos de morte suspeita dentro de residências geralmente envolvem pessoas solitárias, em condições precárias e com hábitos desaconselháveis (bebida e ou fumo). Neste caso ainda havia sinais suspeitos de precipitação da própria altura.


Outros elementos terão de ser reunidos com o exame cadavérico. Talvez a intensidade dos ferimentos venham a sugerir alguma violência física. Relatos informam que houve uma visita antes da constatação do óbito.

A partir daí não fomos mais informados de outras ocorrências. O que não quer dizer que a 185 km de distância de Maceió algo mais não pudesse ocorrer!

Trajetos efetuados e cidades visitadas de madrugada.

Foram 441 km no total. Meu colega motorista não aguentou tudo. Parte do trajeto, cerca de 125 km eu conduzi no retorno para o IC.

Apreciamos e registrei o alvorecer perto de Arapiraca:

Alvorecer em Arapiraca.

Quando chegamos em Maceió o sol já estava forte.


Ainda consegui baixar todos os dados dos levantamentos e inseri os relatórios no Sisgou. Cheguei em casa depois das 10h30 da manhã e não fiz mais nada até o dia seguinte.

Coisas do plantão.

Abaixo uma distribuição do tempo dispendido para cada etapa dos trabalhos noturnos. Em vermelho o tempo destinado aos levantamentos periciais e em azul o tempo usado para efetuar o deslocamento. Sabendo que vinte e dois minutos foram usados para lanchar/jantar em São Miguel dos Campos durante o segundo deslocamento do gráfico.


O trabalho começou às 18h30 com a chamada para o primeiro local e terminou às 06h40 quando a equipe chegou de volta no Instituto de Criminalística. Por isso o gráfico tenta acompanhar o desenho de um relógio para melhor percepção da distribuição do tempo.

2 comentários:

  1. André o único cargo do ensino médio foi técnico forense em 2013.
    todos os cargos dirigi as viaturas??
    ou tem motorista especifico só pra isso?
    gostaria muito de ser motorista só tenho ensino médio
    por isso desaminei em 2013 não ter mais cargos de ensino médio

    ResponderExcluir
  2. Caro Jean, a PO/AL ainda não tem quadro próprio de motoristas, então tomamos emprestado esse profissional de outros órgãos da SSP. No momento todos os cargos são de nível superior. Certamente, no futuro, teremos cargos para nível médio, motoristas e auxiliares, por exemplo. Quando necessário, peritos de campo conduzem viaturas.

    ResponderExcluir