quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

Plantão do dia 18 de janeiro

Não atendi chamadas na manhã do sábado. Almocei com tranquilidade, mas à tarde atendi duas ocorrências no município de União dos Palmares (77 km de Maceió).

Eu só não sabia que eram eventos vinculados...

Ultrapassagens na rodovia BR-104 e a viatura do IML à nossa frente.

Espantei-me com as condições de conservação da delegacia de União dos Palmares. Muita poeira, uma televisão antiga e fios pendurados pelas paredes assustavam quem entrava no primeiro cômodo.

"Recepção" da delegacia de União dos Palmares.

Os policiais civis plantonistas não sabiam onde ficava o local da ocorrência (?), então nos dirigimos até o batalhão da Polícia Militar que nos conduziu até o local dos exames. Um policial civil foi transportado por nós para fazer os primeiros levantamentos de investigação.

Aguardando acompanhamento da Polícia Militar que conhecia o local dos exames.

O local era um povoado fora da área urbana de União dos Palmares, conhecido como "Muquém". Inclusive bem sinalizado por placas!

Vários povoados da região receberam placas indicativas de suas localizações. Isso é muito bom para o nosso trabalho e para a própria população que pode orientar melhor os visitantes.

Chegando ao primeiro local dos exames com o dia ainda claro. Viatura da PM na frente.

Vista panorâmica do local (mesclagem eletrônica de três imagens).

Já eram 18 horas e a luz natural se esvaía rapidamente. Obtive a imagem acima abusando do ISO alto e do tempo mais longo do obturador.

Meu segundo espanto no município foi saber que quase ninguém havia coletado dados da ocorrência. Quem mais sabia do caso era um repórter local (foto abaixo). Ele sabia o nome da vítima (nem a polícia militar, nem a polícia civil tinham nota deste dado) e outros aspectos do crime.


O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência já havia passado no local. A ocorrência em si se deu por volta das 12 horas daquele dia! O Centro Integrado de Operações da Defesa Social foi acionado muito depois. O Instituto de Criminalística mais tarde ainda e assim, depois da nossa viagem, chegamos praticamente 06 (seis) horas depois do homicídio.

O cadáver já estava em estado de rigidez cadavérica. Suportou ação violenta consistente em golpe de madeira na cabeça e três ferimentos perfuroincisos no abdômen.


A segunda ocorrência era próxima, dois quilômetros em linha reta atravessando um rio, mas precisamos percorrer 11 quilômetros de estrada para ir nas viaturas.


A partir daí perdemos todo o benefício da luz natural. A escuridão tomava conta de tudo.

Chegando no segundo local - iluminação dos faróis da viatura.

Iniciando o levantamento - iluminação do flash da câmera.

A relação entre os dois locais era esta: a vítima do segundo levantamento era o assassino da vítima do primeiro levantamento. Inclusive o instrumento do crime ainda estava com sangue na lâmina.


Neste segundo caso o instrumento utilizado foi arma de fogo. Às margens de uma rodovia na zona rural e com o isolamento e preservação eficiente da guarnição da Polícia Militar foi possível recolher dois estojos deflagrados.

Material recolhido no segundo local em União dos Palmares.

Voltamos para o Instituto de Criminalística às 20h38 e às 03h50 tivemos outra ocorrência. Desta vez no município de Flexeiras (60 km de Maceió).

Saímos na madrugada do domingo com as ruas praticamente desertas e a viatura do IML na nossa frente mais uma vez.

Saíndo para a terceira ocorrência de madrugada. Viatura do IML à frente.

Mesmo com pouco trânsito ainda observamos uma pequena colisão entre veículos na principal avenida de Maceió.


No percurso foi possível acompanhar o céu clareando com o amanhecer.


Já no acesso para o município de Flexeiras registrei a neblina na zona rural e as luzes da cidade.

Clique na imagem para ampliar.

Abaixo dois detalhes da imagem acima. O fotógrafo e parte do assunto: a cidade de Flexeiras ainda iluminada por luz elétrica.


Esta vítima não estava relacionada com as ocorrências anteriores, salvo pelo instrumento com que foi perpetrada a ação violenta: arma branca.

"Isolamento" do local: fita ao redor do cadáver coberto.

Foram vários golpes contra a vítima e a região da cabeça sofreu bastante.



Após o levantamento retornamos pela rodovia com o sol ainda baixo. E a sombra da viatura aparecia na vegetação que ladeava a estrada.


Fiz alguns testes com o tempo de exposição. Quanto mais lento, mais delineada ficava a sombra da viatura nos "borrões" da vegetação. Se mais rápido o obturador, mais definido ficava o fundo, começando a ser visível as folhas e galhos da vegetação. Vejam abaixo:


Aproveitei e fiz um registro exclusivo do fotógrafo! Ressalte-se que com a viatura sempre em movimento. A velocidade rápida do obturador minimiza as vibrações do veículo em movimento.


Por último, fotografei um casebre nas proximidades da rodovia.

A particularidade desta foto reside na nitidez do casebre em oposição ao desfoque e borrões de toda a vegetação ao redor da construção.

Clique na imagem para ampliar.


Como isso é possível? A dica é a seguinte: enquanto o veículo se movimenta mantenha a câmera apontada para o assunto e bata a foto. Tudo estará em movimento, por isso borra, menos o casebre que você focalizou e o manteve estável no centro do fotograma!

Dificilmente estas duas experiências serão utilizadas nos levantamentos comuns da perícia, mas uma fotografia jornalística, esportiva ou de aventura pode se aproveitar para registrar assuntos rápidos.

Nenhum comentário:

Postar um comentário