Município de Barra de São Miguel, homicídio dentro de residência. Instrumento contundente, mas não só.
Mancha de sangue produzida por espargimento sucessivo. |
Da porta do pequeno imóvel (três ambientes), visualizava-se a enorme mancha de sangue mostrada acima.
O agressor utilizou um halteres artesanal, feito de cimento, para atingir a vítima deitada sobre um colchão e apenas na cabeça. Mas também utilizou um segmento de caibro de Massaranduba (madeira dura e pesada) e a ponta de uma chave Philips. Estes dois últimos instrumentos impactados na região peitoral.
Instrumentos utilizados pelo agressor. |
A ampla área do halter não surpreende quanto às lesões na cabeça: vários afundamentos. O caibro poderia produzir víbices, que são lesões interessantes de se registrar. Mas o que me chamou a atenção foi registrar o ferimento produzido pela chave Philips.
(Clique nas imagens para ampliar)
Nas imagens acima, vê-se a extremidade do instrumento e três dos ferimentos produzidos na região esternal da vítima.
Registrar lesões é parte integrante do levantamento pericial de local de crime. Irá ilustrar o laudo e oferecer subsídios para o julgador avaliar a conduta do agressor. Mas também serve para "educar" a vista do perito. Ao longo do tempo inevitavelmente armazenaremos estas situações na memória, mas, se pudermos fazer um arquivo de imagens físicas, não só é possível refrescar a memória como também compartilhar com colegas e futuros peritos.
O espargimento de sangue foi abundante e praticamente tomou todas as superfícies e objetos que estavam no primeiro cômodo do imóvel.
A maneira usual de registrar fotograficamente a cena é tirar várias fotos de todas as superfícies relevantes. No entanto, aproveitei para fazer uma mesclagem digital de imagens.
Acima e à esquerda, a sequência de quatro imagens originais. No meio, a mesclagem feita pelo Photoshop. À direita, a imagem final redimensionada (clique nas imagens para melhor visualização).
A principal vantagem é suprir a ausência de uma objetiva grande angular. Mesmo utilizando uma de 18 mm não era possível oferecer o ângulo de visão apresentado pela imagem acima.
Fiz uma outra sequência de nove imagens para demonstrar a "construção" de uma visão de 180 graus:
A imagem acima é o resultado direto da mesclagem feita pelo aplicativo. É possível ver a soleira e o batente superior da porta.
Abaixo outro exemplo de mesclagem do mesmo ponto de vista: a partir da porta principal do imóvel, mas já no sentido horizontal.
Em alguns menus e aplicativos estas imagens são chamadas de "panorama". Dão uma sensação de imersão no local. Imitam o olhar humano. Certamente as filmagens são um passo adiante desta tentativa de trazer a cena de crime para o julgador, mas no caso, estamos falando em ilustrar um laudo, seja no papel, seja na tela de um monitor.
O efeito pode ser obtido ainda mais facilmente com os inúmeros recursos dos atuais aparelhos celulares, mas teríamos de discutir a segurança da imagem. Deixemos para outro momento.
Fizemos várias outras fotos do local. O levantamento inteiro tomou 212 fotografias.
Ainda bem que o ambiente era pequeno e a dinâmica da ação violenta não foi confusa. O agressor praticamente ficou parado golpeando a vítima.
Recolhimento do cadáver pelo IML. Curiosos próximos, infelizmente. |
Retornamos para a base, mas ainda tive outras duas ocorrências, à noite e fora de Maceió, para atender.
Parabéns pelo trabalho Colega, muito bom!
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