segunda-feira, 11 de novembro de 2013

5º dia - Curso Fotografia Forense Senasp

Quinto e último dia do Curso de Fotografia Forense promovido pela Senasp em Maceió/AL.

Ontem a professora Carla Rosana Jung expôs alguns conceitos de Fotografia em Medicina Legal e deixou para a manhã do dia de hoje a aula prática nas dependências do Instituto Médico Legal Estácio de Lima em Alagoas.

Desde o início do curso percebi que cada professor repetiu a mesma "tríade básica da fotografia": obturador, diafragma e sensibilidade (do sensor). Além de esmiuçar um pouco sobre os equipamentos específicos de cada atividade que estava sendo exposta (local diurno, noturno, acidentes de trânsito, local de incêndio, macrofotografia e agora em corpos vivos e não vivos).

Equipamentos básicos mais uma vez expostos.

As diferentes aberturas do diafragma.

Variações da imagem segundo a velocidade de exposição.

As repetições sugerem falta de entrosamento entre os professores, pois cada um lembrava que o assunto já devia ter sido mencionado pelo anterior. Ou então foi uma sutil estratégia para reforçar a assimilação dos conceitos básicos.

A professora também expôs quais tomadas deveriam ser feitas no registro dos exames cadavéricos nas dependências de institutos de medicina legal.

Tomadas gerais, frontais e posteriores.

Sequência fotográfica em vivos.

Tomadas específicas para cada caso examinado.

Fotografia de detalhes, com régua escalonada.

FOTOGRAFIA PARA QUE E PARA QUEM?

Nesta altura da exposição, talvez caiba uma reflexão interessante. O curso de fotografia forense promovido pela Senasp foi configurado para técnicos em fotografia ou para peritos criminais? Qual a diferença entre os profissionais e qual a diferença para a atividade final?

Perito criminal é o funcionário público incumbido do levantamento pericial, incluído neste o levantamento fotográfico. Por isso é obrigatório ao perito criminal saber não apenas identificar vestígios como também registrá-lo devidamente para fins de elaborar o laudo pericial. O técnico em fotografia forense ou auxiliar de perícia é um coadjuvante na tarefa de auxiliar o perito criminal no levantamento pericial.

Essa distinção se destina a coordenar as ações da equipe pericial com base na disciplina e hierarquia funcional prevista em lei e nos princípios básicos de organização de tarefas.

Níveis de decisões e quais grupos exercem dentro de uma organização.

Por isso o perito aponta e o técnico fotografa.

A relação entre estes membros deve ser de equipe. E para fins de legalidade e eficiência, devem ser vistos como coordenador e coordenados. As decisões serão exercidas por critérios de exclusivas da função, compartilhadas com a equipe ou ainda delegadas.


Infelizmente por desconhecimento das funções institucionais, imaturidades e deficiências de auto-estima ainda temos problemas de relacionamento.

Então reforço: todos possuem importância na persecução criminal: esclarecer a verdade de uma suposta ação delituosa, mas para fins de disciplina e hierarquia funcional é imprescindível que cada cargo exerça sua função com precisão para garantir a sinergia de uma equipe de perícia criminal.

Insisto ainda que esse tema é delicado, não só pela difícil recepção pelo público alvo, peritos e técnicos, como também pela grande diversidade de estruturas organizacionais das perícias no Brasil. Algumas ainda estão ligadas à Polícia Civil, outras gozam de autonomias em níveis distintos. E para completar, a Secretaria Nacional de Segurança Pública ainda é dúbia no tratamento destas relações.

Espero que o futuro nos reserve melhor reflexão sobre isso e gostaria que o aqui escrito fosse recebido de espírito aberto a novas discussões.

A aula prática prosseguiu com grande entrosamento entre os alunos. Vejam abaixo:

Orientações da professora já fora da sala de necropsia.

Suely, Nicholas e Luciano. Peritos Criminais de Alagoas.

Pessoal da Paraíba fazendo seus registros informais.

Entre tantas instruções do curso de fotografia, enfatizo a estima que temos pelos nossos colegas de campo do Instituto Médico Legal Estácio de Lima. São funcionários solícitos que, dentre várias tarefas, fazem o recolhimento e transporte de cadáveres nas condições mais adversas de campo. E tão poucas vezes são registrados, tanto no trabalho quanto no descanso.

Corpo técnico do Instituto Médico Legal Estácio de Lima - Alagoas.

Confiram alguns destes trabalhos nos links "Plantão 28 de junho - viatura e lamaçal" e "Plantão 12 de janeiro".

Ainda pela manhã a turma retornou para o campus da Faculdade Tiradentes e iniciou a aula de "Noções de tratamento de imagens com Photoshop".

Imagem capturada com celular e editada no Photoshop!

Imagem capturada com uma Nikon D90 e também editada no Photoshop.

Já que o tema é tratamento de imagem, cumpre informar que quase todas as imagens deste blog, desde o início desta série de publicações sobre o curso de fotografia, foram editadas no Photoshop. Os principais tratamentos envolveram os conceitos expostos pelo professor. Controle de luminosidade, contraste, sombras e nitidez.

Para o blog também faço cortes radicais e diminuo drasticamente a resolução e o tamanho das imagens. A prioridade aqui é passar a informação, leve e rápida, sem necessidade de esmiuçar detalhes com arquivos "pesados".

Lembro que adequamos a informação para o meio de exposição desejado. Para a internet convém imagens pequenas. Já para o laudo temos de pensar na impressão. E assim os arquivos devem ser compatíveis para uma impressão otimizada. Já para o arquivamento do levantamento pericial, temos de pensar na melhor qualidade possível, ressalvada a relação "custo/benefício" já comentada na publicação anterior deste curso de fotografia (veja terceira resposta em "4º dia - Curso Fotografia Forense").

Uma das exigências do curso era a de que o aluno trouxesse seu próprio computador portátil. A pretensão era cada um acompanhar e treinar as instruções do professor em sala de aula. De fato ajudou muito e os colegas ficaram absorvidos nesta tarefa.

Acompanhamento das instruções nos computadores portáteis.

Vale lembrar que isto agora é possível diante da grande disseminação da tecnologia para muitas pessoas. Por outro lado não foi grande a evolução no uso desta tecnologia por parte dos docentes. Nem todos conseguem otimizar o uso da ferramenta em sala de aula.

O curso finalizou de forma simples, mas agradável. Nosso colega Severino Lira proferiu algumas palavras e em seguida falou a coordenadora do curso pela Senasp, Amanda Tavares dos Santos e depois os dois professores presentes.

Lira e Amanda finalizando o curso de fotografia forense.

Às vezes, na falta de critérios ou na alegação de não existir o ótimo nem o inútil, somos levados a fazer uma avaliação regular do balanço geral. É claro que não podemos deixar de elogiar o prazer da reunião de colegas com trabalhos semelhantes ou a exposição esforçada dos profissionais qualificados, mas nem toda teoria se traduz em prática. E prática didaticamente planejada é mais difícil ainda. Acredito que faltou um planejamento mais preciso. Não basta por um fotógrafo numa sala de aula. Não basta ter experiência na função. Tem de unir isso numa exposição assimilável e geradora de autonomia. Qual destes alunos irá repetir o material exposto? Como será feito o monitoramento? Quem irá cobrar os resultados? Como vamos aferir se o curso de fotografia foi realmente proveitoso, tanto do ponto de vista pedagógico quanto econômico?

Finalizo esta série de publicações a respeito do curso de fotografia forense promovido pela Senasp em Maceió, Alagoas, enfatizando que pretendi compartilhar a experiência com os demais colegas de Alagoas e certamente com os colegas da Paraíba e do Rio Grande do Norte. Espero que a exposição tenha sido agradável e informativa. Que também tenha agregado mais informações decorrentes da minha própria experiência como perito que fotografa seus locais de crime. E, principalmente, se eu tiver cometido algum equívoco ou opinado de forma pouco compreensível, que me desculpem e me interpelem para corrigirmos a comunicação.

Veja mais sobre fotografia: "Um olhar fotográfico sobre o dia 22 de junho".

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